A luta de Angela pela cannabis medicinal

O dilema de uma mãe na busca de tratamento para sua filha

Publicada em 26/02/2024

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Angela Aboin, residente em Campinas, viu-se em uma batalha inesperada quando sua filha Maria Luiza, ou “Malu”, como é conhecida, foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com apenas 4 anos, a menina enfrentava convulsões diárias e uma série de desafios que minavam sua qualidade de vida.

A história contata pelo portal g1 recentemente, remonta como a descoberta do potencial terapêutico da cannabis mudou o jogo para Angela. Desesperada para aliviar o sofrimento da filha, ela decidiu arriscar e cultivar a planta em casa, produzindo o tão necessário óleo medicinal. No entanto, o que para Angela significava esperança, para a lei representava crime.

Mesmo com a obtenção de cinco habeas corpus que autorizavam o cultivo  e extração da cannabis para fins medicinais, Angela foi indiciada por tráfico de drogas. Uma mãe, dedicada a proporcionar conforto à sua filha, viu-se no banco dos réus por buscar uma alternativa para melhorar a qualidade de vida de sua família.

Angela não estava sozinha nessa luta. Movida pela história de Malu, ela tornou-se uma voz ativa na defesa do direito das famílias de acessarem tratamentos à base de cannabis. Sua atuação como coordenadora da Federação das Associações de Cannabis Terapêutica do Brasil (FactBrasil) é uma demonstração de sua determinação em garantir que outras famílias não passem pelo mesmo calvário legal.

 

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Angela em meio ao seu cultivo de cannabis para fins medicinais (Foto: arquivo pessoal)

 

O dilema entre remédio e droga ecoa nas palavras de Angela. Ela nunca quis submeter Malu a uma torrente de medicamentos, buscando, em vez disso, uma abordagem mais natural e menos invasiva. O uso terapêutico da maconha trouxe alívio imediato para sua filha, mas também trouxe consigo o peso da criminalização.

A batalha legal de Angela é apenas uma entre milhares no Brasil, onde o acesso à cannabis medicinal ainda é um campo minado de estigmas e desafios jurídicos. Enquanto o sistema de saúde luta para reconhecer os benefícios terapêuticos da planta, mães como Angela continuam a enfrentar o estigma de traficantes, mesmo quando estão buscando desesperadamente salvar seus entes queridos.

É fundamental que a sociedade e as instâncias judiciais reconheçam a diferença entre o uso da cannabis como medicamento e sua utilização recreativa. Angela clama por compreensão e apoio, não por julgamento e criminalização.

A história dessa mãe é um lembrete contundente de que, por trás de cada estatística e processo judicial, há uma família lutando por amor e dignidade. É hora de mudar o paradigma e oferecer um caminho legal e acessível para aqueles que buscam alívio na cannabis medicinal.

Leia a matéria completa do g1 aqui: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/02/25/mae-acusada-de-trafico-soma-cinco-habeas-corpus-por-cultivar-cannabis-medicinal-para-tratar-crianca-autista.ghtml