Por Dra. Endy Lacet. Formada em Odontologia pelo Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. Pós-graduanda em Autismo pela CBI of Miami. Atendimento focado em pacientes especiais. Prescritora, palestrante e educadora sobre a Medicina canabinoide

O uso medicinal de derivados canabinoides é um assunto que tem se mostrado cada vez mais relevante, principalmente pelo fato de ser um tratamento promissor e efetivo em diversas patologias. As variadas formas de administração se tornaram uma chancela para tratar doenças que antes não obtiveram sucesso com a medicina tradicional.

Os pacientes que possuem patologias como epilepsia, Parkinson, Alzheimer e dor crônica podem se beneficiar diretamente com o uso da cannabis através da regulação homeostática que a planta provoca no organismo.

Apesar dos resultados clínicos obtidos não deixarem dúvidas, ainda é necessário muito estudo por parte da comunidade científica para dirimir questões sobre a melhor opção de medicamento para o paciente, as dosagens adequadas para cada caso, sobre interação medicamentosa entre os medicamentos alopáticos e o extrato à base da planta, entre outros.

Devido às várias propriedades apresentadas pela cannabis, podemos aplicar o tratamento a algumas enfermidades que não estão em evidência no cenário da pesquisa mundial. O que poucas pessoas sabem é que a cannabis pode ser aplicada também em patologias orofaciais

Já possuímos no Brasil cirurgiões dentistas que prescrevem o tratamento com cannabis como alternativa terapêutica em patologias envolvendo sintomatologia dolorosa ou que necessitam de recrutamento das células de defesa para cicatrização, para lesões intra-orais e em casos de câncer oral, Mas também na disfunção temporomandibular e ainda como ansiolítico para pacientes especiais e fóbicos, exercendo propriedade terapêutica também como anti-inflamatório, analgésico e cicatrizante.

As respostas fisiológicas geralmente são rápidas e em poucas horas os sintomas já conseguem ser atenuados. A forma de aplicação varia de acordo com as doenças e, apesar de existirem várias apresentações no mercado canábico, o profissional tem que adequar a melhor opção para o paciente e a patologia específica a ser tratada.

Mesmo que não exista uma vasta gama de estudos sobre o tratamento com a cannabis aplicada à Odontologia, parte-se do princípio de que toda patologia tem uma etiologia e sintomatologia específica, e a partir dessa premissa, pode-se relacionar as propriedades terapêuticas que a cannabis possui e à sintomatologia que determinada patologia apresenta, por exemplo, a dor.

Em casos de enfermidades em que o organismo necessite do recrutamento de células de defesa, mesmo que em ambiente oral, a cannabis pode auxiliar no tratamento, assim como em casos de recuperação tecidual provocados por trauma. Diante de todos os resultados já obtidos, se faz necessário um esforço por parte dos profissionais de saúde e principalmente da comunidade acadêmica na realização de pesquisas e estudos sobre a medicina canabinoide, para que se comprove de forma científica o que já está mais do que provado de forma empírica.