"A maconha medicinal já está legalizada. Para o rico", afirma dr Sidarta Ribeiro

Publicada em 12/07/2019

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"A maconha medicinal já está legalizada, mas para o rico e para a alta classe média". A afirmação é do professor de neurociências, Sidarta Ribeiro, pós-doutor em Neurofisiologia e coordenador da Política Brasileira de Política de Drogas. Numa palestra bastante descontraída no 2º Seminário Cannabis Medicinal - um olhar para o futuro, ele explicou que a discussão já não é mais sobre a legalidade do tratamento, mas sim para que quem tem menos condições financeiras também possa ter acesso ao tratamento.

"Ele é extremamente barato. Todo mundo poderia plantar em casa, ou fazer o cultivo associativo. As associações poderiam vender a preço de custo para quem não pode pagar. Então porque ele está sendo vendido a R$ 2.800? essa situação é bizarra" afirmou o médico, em referência ao medicamento Mevatyl, hoje o único permitido para importação pela Anvisa.

Na palestra, o dr Sidarta apresentou diversas aplicações médicas para a cannabis medicinal. Ele sustenta que a maconha está para a Medicina do Século XXI assim como os antibióticos estiveram para a Medicina do Século XX: "isso vai mudar o mundo!", exclamou.

O médico acredita que a atual situação brasileira com relação à cannabis "é que agora está sendo disputada o seu rumo. Nesse momento, só vai vender maconha no Brasil quem tiver muito dinheiro pra fazer isso. E a gente precisa combater isso rápido, se não a gente troca um modelo péssimo por outro quase péssimo. As empresas chegaram, o que nós vamos fazer para ela não ter todo o mercado?", questiona.

Durante a palestra, Sidarta Ribeiro contou a história da cannabis medicinal, desde a China antiga, passando pelo Egito até os tempos atuais. E apresentou à plateia a deusa egípcia da Sabedoria, Sechat, que possuía uma folha de cannabis na cabeça: "As evidências científicas existem desde a antiguidade", garantiu.

O 2º Seminário Internacional Cannabis Medicinal - um olhar para o futuro foi promovido pela Associação de Apoio à `Pesquisa e a Pacientes de Maconha (Apepi) em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz. O congresso reuniu palestrantes de sete países no Istituto Europeo de Design, na Urca.

Foto: Gabriela Garcez/ Apepi