A cannabis no desempenho atlético

Permitida pela Agência Mundial Antidoping e com forte atuação no relaxamento muscular, a substância também tem ação anti-inflamatória em lesões e é defendida por atletas brasileiros de alta performance

Publicada em 20/09/2022

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Por Sofia Missiato

A Agência Mundial Antidoping decidiu, a partir de 2018, excluir o canabidiol (CBD) da lista de substâncias proibidas, abrindo as portas para o uso medicinal no esporte. Já o THC (Tetrahidrocanabinol), princípio psicoativo da cannabis, ainda está entre as proibições da AMA. O CBD não atua como um potenciador do desempenho físico, não representa um risco para a saúde e  não é psicoativo. Obtido por meio  da extração da flor feminina da maconha, o  composto tem uma longa lista de efeitos benéficos.

As Olimpíadas de Tóquio, foi a primeira em que os atletas puderam competir utilizando o canabidiol tranquilamente. De fato, existem vários atletas de renome mundial que utilizam a terapia canabinoide como tratamento para dor ou inflamação no processo de recuperação.

Esportes de contato e resistência como a UFC, a maior empresa de artes marciais mistas do mundo, tem suas principais figuras ligadas à cannabis. Mike Tyson, por exemplo, além de ser fumante, abriu um rancho de oito hectares na Califórnia para cultivar seu próprio negócio.  

Pesquisa da Kaya Mind, empresa brasileira especializada em dados e inteligência de mercado no segmento da cannabis, estima que mais de 827 mil atletas seriam potenciais usuários de produtos à base de cannabis no Brasil para o tratamento médico  (61 mil atletas profissionais, 427 mil amadores e 339 mil eventuais). Os dados foram divulgados no relatório da startup intitulado “Cannabis e Esportes”, que traz informações inéditas sobre o potencial medicinal, econômico e social da terapia canabinoide no âmbito esportivo.

Os atletas brasileiros que usam cannabis

Muitos atletas afirmam que a cannabis os ajuda a combater a dor após longos dias de treinamento. Também pode servir para diminuir o estresse nos momentos mais difíceis dos torneios ou ajudá-los a relaxar ao terminarem uma competição de alto rendimento. 

A lutadora Lívia Souza que competirá nas olimpíadas de  2024, o lutador Maguila, primeiro brasileiro campeão mundial dos pesos-pesados do boxe de 1995, John Teixeira e Raoni Barcelos (nosso convidado para a live), são alguns nomes que usam a planta.

Maguila

José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, é um ex-boxeador repetidas vezes campeão brasileiro e sul-americano na categoria peso pesado, campeão das Américas (pelo Conselho Mundial de Boxe) e mundial (pela Federação Mundial de Boxe Profissional). Recebeu a alcunha "Maguila" por semelhança ao porte físico do personagem Magilla Gorilla, da Hanna-Barbera.

Há anos o ex-esportista de 62 anos enfrenta a  doença Encefalopatia Traumática Crônica, resultado de quase 20 anos de dedicação ao boxe, com sinais como a dificuldade da fala e motora, alteração de  humor e comportamento. Com acompanhamento médico especializado, Maguila e sua família agora celebram os bons resultados do tratamento alternativo com canabidiol.

Adilson Maguila e Evander Holyfield, durante luta em 1989 (Imagem: Flávio Canalonga/Estadão Conteúdo)

Lívia Souza 

 A brasileira de Araraquara (SP) de MMA compete no UFC, na divisão peso-palha (até 52kg). É considerada uma das melhores lutadoras da categoria  do mundo fora. Ativista pela liberação do uso da maconha no país, Lívia Souza defende os tratamentos e do uso recreativo da Cannabis mais enfaticamente desde março de 2020.

(Imagem: Instagram/Divulgação)

John Teixeira

John Teixeira da Conceição,  mais conhecido por John Macapá,  é um lutador brasileiro  de artes marciais mistas na categoria peso pena  do Bellator. Competidor profissional desde 2007, Teixeira já  participou do Ultimate Fighting Championship e do The Ultimate Fighter Brasil. O lutador já declarou apoio à bandeira da terapia canabinoide e tenta patrocínio de  empresas que produzem o extrato de cannabis.  

(Imagem: Instagram/Divulgação)

Raoni Barcelos

Raoni Barcelos, carioca de 35 anos, foi cinco vezes campeão brasileiro de wrestling e três vezes campeão peso pena da Resurrection Fighting Alliance no MMA. Em 2017, entrou no UFC na categoria Galo. Barcelos já relatou que há algum tempo utiliza a terapia canabinoide para tratar as consequências de vivenciar um esporte intenso que exige desgaste físico e psicológico. 

(Imagem: Instagram/Divulgação)

É o atleta convidado a participar da live Sechat desta terça-feira (20/09). Hoje às 19h pelo canal do Instagram (@sechat_oficial). Confira!

https://www.sechat.com.br/cannabis-na-recuperacao-muscular/