UFSC e Abrace vão testar a Cannabis em profissionais da saúde que estão em campo contra a Covid

O objetivo é avaliar o impacto do óleo no estresse de médicos e enfermeiros, que estão na linha de frente da pandemia

Publicada em 01/07/2020

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Valéria França

O Brasil também está na guerra da Covid-19. Em meio a pandemia, a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) aprovou a realização de um teste clínico, nesta segunda-feira (29). O objetivo é avaliar o impacto do uso do óleo de Cannabis como ansiolítico entre os profissionais da saúde, que estão na linha de frente do combate, como médicos e enfermeiros.

A iniciativa da pesquisa partiu da Abrace Esperança, única associação nacional com autorização de plantio para a produção de Cannabis medicinal para os associados. “Estávamos há três meses escrevendo o projeto”, diz Murilo Chaves Gouvêa, farmacêutico da Abrace. Mas faltava a aprovação do comitê de ética da universidade catarinense.

“Recebi hoje a boa notícia por e-mail”, disse nesta segunda-feira (29) Cassiano Teixeira, o fundador da Abrace, que comemorou a novidade. Foi dele que partiu a ideia da pesquisa. No início do ano, Teixeira anunciou que o desejo de testar o óleo entre os profissionais de saúde, o público mais afetado pelo contato constante com o vírus.

“Chegaram até a aparecer empresas privadas interessadas”, conta Cassiano. Mas ele queria mesmo fechar com uma universidade para que a pesquisa fosse bem científica e acadêmica.

O MÉTODO

Será um estudo clínico duplo-cego com 300 pessoas acima de 18 anos. Metade dos voluntários vai tomar o óleo de Cannabis e o restante, placebo. "Não serão realizados teste bioquímicos", explica Gouvêa. "Usaremos a mesma escala de estresse usado pelos psicólogos."

A ideia dos organizadores é conseguir a inscrição de 1000 voluntários para poderem selecionar aqueles que melhor se adaptam ao perfil. Não são aceitos pacientes com distúrbios psíquicos graves, como psicoses. Os interessados em participar devem clicar aqui para se inscrever.

Na UFSC, o veterinário Erik Amazonas, professor de endocanabilogia, será o responsável pelo estudo. Participam ainda o meedico Paulo César Bittencout, e especialista em estatística Crysttian Arantes Paixão. De fora da academia, as médicas Carolina Nocetti e Carolina Silva Chaves, além de Gouvêa e o advogado Marcus Maida. Os testes duram seis meses. A perspectiva é a publicação do artigo com os resultados em março de 2021.