Uma breve revisão sobre a epilepsia

No dia mundial da conscientização da epilepsia, o Sechat mostra como os estudos da cannabis contribuíram para os avanços das alternativas de tratamento da doença

Publicada em 27/03/2022

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Por João R. Negromonte

A epilepsia, ou crises convulsivas, acontece por conta de atividades anormais das células cerebrais, o que ocorre, muitas das vezes, por traumas como acidente vascular cerebral isquêmico, neoplasias, idiopáticos e pós-operatórios. Os sintomas podem variar entre contrações descontroladas e involuntárias dos músculos do corpo, rigidez especialmente dos braços, pernas e tórax, salivamento excessivo, dificuldade de respirar, entre outros.

Estudos 

Dentre as inúmeras evidências encontradas a respeito do tratamento com cannabis para epilepsia, uma que se destaca é o estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Informações  sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), de 1980, conduzido pelo Professor Elisaldo Carlini. A pesquisa destacou os benefícios do CBD contra as convulsões, primeiro em testes com camundongos e depois em ensaios com adultos. Durante quatro meses, oito pacientes portadores da doença receberam doses diárias de 300mg de canabidiol. Os resultados foram animadores, dentre os pesquisados, quatro não apresentaram mais crises convulsivas, três obtiveram uma melhora parcial dos sintomas, enquanto apenas um, não demonstrou melhora clínica.    

Revisão dos estudos

Pesquisa realizada pelo Departamento de Ciências do Cérebro do Imperial College London e publicada na revista científica, BMJ Paediatrics Open, demonstrou os efeitos da cannabis em pacientes que possuíam alguma disfunção epiléptica. O estudo foi feito com 10 crianças com diagnóstico de epilepsia grave, com idades entre 1 e 13 anos, sendo que cada uma delas tomou, em média, 5,15 mg de THC e 171,8 mg de CBD por dia.

Os resultados foram coletados por telefone ou videoconferência entre janeiro e maio de 2021, assim, os pais dos menores de idade relataram aos pesquisadores a experiência destes pacientes. O grupo de pesquisadores reconhece que o estudo envolveu um pequeno número de participantes e que são necessários mais estudos sobre o tema, porém, as crianças que participaram do estudo utilizavam, em média, sete medicamentos no tratamento da epilepsia e, depois de começarem a tomar o extrato da cannabis feito com a planta inteira, isto é, com a presença de todos os canabinóides, a média geral caiu para apenas um medicamento, sendo que sete delas pararam de usar qualquer medicamento que não fosse o extrato. Além disso, os pais e responsáveis ​​relataram melhorias significativas na saúde e no bem-estar de seus filhos, incluindo melhora do sono, alimentação, comportamento e cognição, depois que começaram a tomar produtos de cannabis. 

Hoje, alguns medicamentos derivados da planta como o Epidiolex, que possui uma formulação de canabidiol (CBD), já fazem parte do repertório de alternativas de tratamento para este tipo de patologia.

Assim, que a comemoração ao dia mundial da conscientização da epilepsia, seja celebrado cada vez com estudos que comprovem os benefícios da cannabis para esta e diversas outras doenças.

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