UFMG cria vacina para dependentes de crack e cocaína

A pesquisa, que disputa o prêmio internacional “Euro Inovação na Saúde”, evita que as moléculas presentes em ambas as drogas entre em contato com o sistema nervoso central

Publicada em 31/05/2023

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Por redação Sechat

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu uma vacina terapêutica que pode trazer esperança para o tratamento da dependência em cocaína e crack. Essa inovação está entre as finalistas do Prêmio Euro Inovação na Saúde, uma competição que abrange propostas de 17 países da América Latina. 

A vacina se destaca na categoria Inovação Tecnológica Aplicada em Saúde, que está aguardando o voto dos médicos desses países para escolher a vencedora. O imunizante anti cocaína demonstrou segurança e eficácia em estudos pré-clínicos e a sua aplicação pode ser uma esperança para dependentes químicos que buscam uma reinserção social.

Dr. Frederico Garcia, professor do Departamento de Saúde Mental da UFMG
(Imagem reprodução)

Frederico Garcia, professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG e pesquisador responsável pelo projeto, afirma que esse problema é prevalente e deixa as pessoas vulneráveis a uma vida sem tratamento específico, surgindo assim como uma solução para um grande obstáculo.

Ele também explica que os testes foram realizados em animais e que a vacina já demonstrou segurança e eficácia no tratamento da dependência e prevenção de consequências obstétricas e fetais da exposição à droga durante a gravidez.

O imunizante atua induzindo o sistema imune a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea, transformando a droga em uma grande molécula e impedindo que ela entre em contato com o sistema nervoso central. Além disso, o imunizante produziu uma série de anticorpos que impediram a ação da droga sobre a placenta e o feto em ratas grávidas. 

Segundo Frederico Garcia, esse resultado é promissor e pode significar uma esperança para a prevenção primária de transtornos mentais, como no caso da proteção aos fetos gerados por dependentes de cocaína grávidas que forem vacinadas.

A UFMG já depositou a patente pela Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da universidade, e aguarda ansiosamente para ver sua inovação alcançando um novo patamar, por meio da solução de um problema social tão sensível.