Testes realizados pela USP, revelam que misturar Ketamina com CBD pode ser ótimo para depressão

Mesmo testada em ratos de laboratório, as implicações são animadoras

Publicada em 01/11/2021

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Curadoria e edição Sechat, com informações de Forbes

A Ketamina, vendida sob a denominação comercial Ketalar, por exemplo, é uma medicação utilizada principalmente para induzir e manter a anestesia. A substância induz um estado de transe, proporcionando sedação e perda de memória. Outros usos incluem alívio de dor crónica, sedação nos cuidados intensivos e foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) nos EUA em 2019 para o uso em pacientes com depressão refratária.

No Brasil, é proibida a livre comercialização da substância, para comprar, é necessário receita médica, de difícil acesso. Porém, tem amplo uso veterinário, sendo um ótimo anestésico de cavalos.

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Mais recentemente, a Ketamina passou a ser apreciada por seu valor no tratamento da depressão. Uma descoberta importante, mostra que pessoas agitadas que receberam a substância após uma tentativa de suicídio relataram uma queda acentuada nas ideações suicidas.

Lamar Odom (Foto: Reprodução)

O FDA recentemente adicionou depressão resistente ao tratamento como um diagnóstico onde a Ketamina pode ser prescrita e, celebridades, incluindo o ex-astro da NBA e membro da família Kardashian, Lamar Odom, endossam o grupo de pessoas que fazem uso do medicamento. Além disso, clínicas que oferecem tratamentos com Ketamina surgiram em todos os Estados Unidos

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Mas, como os cogumelos com psilocibina, a Ketamina tem alguns efeitos colaterais muito poderosos que nem todo usuário terapêutico deseja. Isso inclui sintomas psicóticos, bem como “hiperlocomoção”, que é exatamente o que parece: mover-se muito.

Em outras palavras, quando você está tomando Ketamina, você realmente não pode fazer muito mais. Você provavelmente precisa estar em uma clínica ou sob observação quando estiver sob tratamento, o que significa que seus benefícios práticos são limitados.

E se você pudesse limitar os efeitos colaterais negativos e ainda preservar o potencial terapêutico?

De acordo com uma pesquisa publicada recentemente , ao misturar Ketamina com canabidiol, ou CBD, o canabinóide menos psicoativo associado a benefícios anti-ansiedade e antiinflamatórios, pode ser possível fazer exatamente isso.

Observando que o CBD e a Ketamina pareciam ativar o mesmo receptor no cérebro, uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), administrou doses de Ketamina e CBD em camundongos, que variam de 2,5 a 30 miligramas por quilo de peso corporal. Alguns ratos receberam ambas as drogas, alguns apenas receberam uma ou outra.

Ketamina (Foto: Reprodução)

Os ratos machos que receberam Ketamina e CBD, tiveram um desempenho bom o suficiente em testes de movimento para sugerir que o CBD agia como um modulador que bloqueava certas “mudanças psicomotoras” enquanto ainda concedia os benefícios antidepressivos.

“Nossos resultados mostram pela primeira vez que o efeito antidepressivo do CBD, semelhante à Ketamina, depende da ativação dos receptores AMPA”, escreveram os autores em suas descobertas, publicadas na revista Neuropharmacology em dezembro.

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Esse é um avanço interessante para a neurociência. Para o restante de nós, esses resultados significam que misturar CBD com cetamina “pode ser uma estratégia terapêutica atraente no tratamento da depressão, ao promover o efeito antidepressivo e ao mesmo tempo prevenir” os efeitos colaterais negativos da cetamina, acrescentaram.

O estudo tem algumas limitações. Pelo menos um muito óbvio é que se trata de um estudo em ratos de laboratório e não em pessoas. Mas as implicações são animadoras. E como a Organização Mundial da Saúde acredita que, em 2030, a depressão será a principal causa de incapacidade em todo o mundo, novos e eficazes tratamentos clínicos são vitais.