Setembro amarelo

No mês dedicado a valorização da vida e e prevenção do suicídio, entenda como a cannabis pode ser um colaboradora

Publicada em 02/09/2021

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Edição e curadoria Sechat, com informações de ReMederi

A ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), em parceria com o CFM (Conselho Federal de Medicina) organiza, desde o ano de 2014, o Setembro Amarelo, mês dedicado a valorização da vida e prevenção do suicídio.  

O dia 10 é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece nacionalmente durante todo o ano. No Brasil são registrados cerca de 13 mil suicídios todos os anos e mais de um milhão em todo mundo. Esta triste realidade vem crescendo anualmente, principalmente entre os jovens de 15 a 29 anos.

Já se sabe que cerca de 97% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.

A depressão é uma patologia complexa e suas causas são difíceis de se identificar, uma vez que, geralmente, não há uma causa única. Na maioria das vezes é uma consequência de outras condições médicas subjacentes ou de escolhas prejudiciais no estilo de vida da pessoa, tais como, estresse crônico, ansiedade, efeitos colaterais do uso de medicamentos, dentre outras.

A cannabis pode ser um importante componente no enfrentamento da depressão, pois pode ser utilizada no tratamento das causas que levam as pessoas a tirarem a própria vida.

Primeiramente, podemos citar a ação dos fitocanabinóides existentes na planta na regulação da homeostase, isto é, no estado de equilíbrio interno do organismo.

Isso ocorre porque essas substâncias interagem diretamente com o sistema endocanabinóide presente no nosso organismo e ajudam a regulá-lo.

O sistema endocanabinóide é formado por:

  • Receptores canabinoides: CB1 e CB2
  • Endocanabinóides: Anandamida (N-araquidoniletanolamida) e 2-araquidonilglicerol (2-AG)
  • Enzimas metabolizadoras transportador membranar

Os endocanabinóides e seus receptores estão espalhados por todo o corpo, em membranas celulares do cérebro, órgãos, tecidos conjuntivos, glândulas e células do sistema imunológico.

Logo, a interação entre eles é que forma o sistema endocanabinóide que executa diferentes tarefas no organismo.

Estudos apontam que uma disfunção neste sistema levaria à depressão e distúrbios do humor.

É justamente isso que revela esta pesquisa publicada na Scientific Electronic Library Online, em que se constatou que o mau funcionamento deste sistema pode levar à depressão e demais transtornos psiquiátricos. Vejamos. 

Experimentos com modelos animais sugerem que drogas que facilitam a ação dos endocanabinoides podem representar uma nova estratégia para o tratamento de transtornos de ansiedade e depressão.

O mau funcionamento do sistema endocanabinoide pode promover o desenvolvimento e a manutenção de transtornos psiquiátricos como a depressão, as fobias e o transtorno de pânico. Assim, espera-se que os agonistas de CBou os inibidores da hidrólise de anandamida exerçam efeitos antidepressivos e ansiolíticos.”

Assim sendo, os componentes da cannabis auxiliam a regular e melhorar o funcionamento do sistema endocanabinóide. 

Além disso, evidências científicas mostram que o fitocanabinóide Canabidiol (CBD) pode ter uma interação positiva com receptores de serotonina, sendo muito promissor no tratamento para depressão e ansiedade. 

Estudos mais avançados ainda são necessários, mas as pesquisas iniciais têm sido positivas, principalmente com o uso do CBD como um antidepressivo de ação rápida e comprovadamente com menos efeitos colaterais do que a medicação tradicional.

Em texto publicado na Revista Pesquisa Fapesp podemos comprovar este efeito.

O grande número de alvos farmacológicos com os quais o CBD interage para produzir seus efeitos contraria um dogma da farmacologia segundo o qual quanto mais específico um fármaco, melhor, porque minimizaria o risco de efeitos adversos. A atuação naturalmente sistêmica dos canabinoides, ao contrário, está no cerne de seu potencial farmacológico e também da baixa incidência de efeitos adversos. A serotonina, por exemplo, um importante neurotransmissor, é de alguma maneira modulada pelo canabidiol, conforme mostram estudos in vitro. Assim, qualquer desequilíbrio nessa mediação pode causar depressão

Um dos focos do grupo é justamente avaliar o potencial do canabidiol como antidepressivo, mostra artigo liderado pela farmacologista Sâmia Joca, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas na USP-RP, publicado em fevereiro de 2019 na revista Molecular Neurobiology.”.

Mas não é só isso.

Pesquisas revelam que processos inflamatórios podem estar relacionados ao surgimento da depressão em certas pessoas.

É o que revela este texto publicado na Revista Pesquisa Fapesp, cujo teor transcrevemos:

“Pesquisas recentes indicam que a perda da capacidade de regular adequadamente processos inflamatórios, desencadeados por diferentes formas de estresse físico ou mental, pode ser um dos fatores associados à ocorrência e à manutenção de um quadro de depressão em certas pessoas”.

O fitocanabinóide Canabidiol (CBD) possui comprovado efeito anti-inflamatório e antioxidante.

É o que revela esta pesquisa publicada na PUBMED, cujo Resumo transcrevemos:

O canabidiol (CBD) é um dos principais fitocanabinóides farmacologicamente ativos da Cannabis sativaL. CBD não é psicoativo, mas exerce uma série de efeitos farmacológicos benéficos, incluindo propriedades antiinflamatórias e antioxidantes. A química e a farmacologia do CBD, bem como vários alvos moleculares, incluindo receptores de canabinoides e outros componentes do sistema endocanabinoide com os quais ele interage, foram amplamente estudados. Além disso, estudos pré-clínicos e clínicos contribuíram para a nossa compreensão do potencial terapêutico do CBD para muitas doenças, incluindo doenças associadas ao estresse oxidativo. Aqui, revisamos os principais efeitos biológicos do CBD e seus derivados sintéticos, com foco nas propriedades celulares, antioxidantes e antiinflamatórias do CBD”.

Por todos esses motivos, a cannabis pode ser muito útil no auxílio ao tratamento da depressão que é uma grave patologia que vem crescendo, sendo a maior causa de cometimento de suicídio no Brasil e no mundo.