Saúde animal: como a cannabis vem ajudando a medicina veterinária

Celebrando o Dia Nacional do Médico Veterinário, data criada para disseminar a importância deste profissional, saiba qual o cenário atual da terapia canabinoide para os bichinhos

Publicada em 09/09/2022

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Por João R. Negromonte

A data 9 de setembro foi escolhida como o Dia do Médico Veterinário, e  faz referência ao período de regulamentação da profissão Para celebrar, o portal Sechat mostra o panorama regulatório da cannabis no Brasil em relação ao tema.

O uso de cannabis para espécies animais é uma área de interesse crescente, em grande parte devido aos benefícios terapêuticos observados  na era da regulamentação da planta para uso medicinal. 

A estreita relação dos humanos com seus animais de estimação levou a um interesse renovado na possibilidade e a promessa da cannabis em tratar problemas de saúde semelhantes aos nossos também na comunidade animal. 

“Sabemos que a utilização dos compostos químicos da cannabis como medicamento pode ser um assunto polêmico, mas a discussão é de extrema necessidade, pois seu uso já é uma realidade e apresenta uma alternativa farmacológica real e viável,” explica a doutora  Talita Thomaz Nader, médica veterinária na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), especializada em Homeopatia Veterinária no Instituto Homeopático e de Práticas Integrativas (IHPI) e doutora em medicina veterinária preventiva pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Alguns estudos, como o publicado na plataforma de dados científicos National Library Medicine (NLM), avaliam a ação dos canabinóides na fisiologia animal, apontando como ocorre a ação desses compostos no organismo de nossos companheiros. Além disso, casos clínicos demonstram que o uso medicinal da cannabis é capaz de tratar a epilepsia, dor crônica (osteoartrite) e alguns tipos de câncer em diferentes espécies.  

Para saber um pouco mais sobre o uso medicinal da cannabis em animais, assista nossa live que foi ao ar no dia 18 de janeiro de 2022 com os veterinários Edilson Meisen e Bárbara Gaedtke do portal Vet Hemp:

https://www.youtube.com/watch?v=vi5UvD9ud7o&t=6s

Mercado da cannabis para animais 

Recentemente, a Kaya Mind, empresa especializada em dados de inteligência de mercado, lançou um relatório sobre a indústria da maconha para animais domésticos, denominado “Cannabis no Mercado Pet”. O material aborda diversas questões relacionadas ao tema, contudo, um ponto que chama bastante atenção é o crescimento deste setor. 

O mapeamento feito pela empresa revelou que, hoje, cerca de 230 produtos de cannabis já estão disponíveis no mercado, entre eles, alimentos, medicamentos e até roupas para pets feitas de cânhamo, espécie de cannabis com baixo teor de THC. 

Segundo os dados coletados, ao todo existem 36 empresas que fabricam estas mercadorias em quatro países diferentes, sendo 16 delas voltadas exclusivamente para o mundo animal, isto é, 44% do total. As outras 20 marcas que compõem o grupo dispõe de produtos para humanos, além claro dos destinados aos bichinhos,  representando os demais 56%. 

Ainda segundo o relatório, somente o mercado de medicamentos à base de cannabis para pets poderia movimentar R $1,45 bilhão, caso houvesse uma regulamentação adequada no Brasil. 

Acesso aos produtos de cannabis para pets

Hoje, não existe uma regulamentação a respeito dos usos da cannabis em animais no Brasil, contudo, alguns profissionais buscam alternativas para suprir essa necessidade. Segundo Talita Nader, “muitos tutores recorrem às associações de pacientes para conseguir o produto para seus pets e, os que já fazem uso do óleo de cannabis, possuem acesso facilitado aos mesmos.”

Para Erik Amazonas, médico veterinário, professor da disciplina de Endocanabinologia para os cursos de Medicina Veterinária e Agronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e colunista do portal, o “buraco é um pouco mais embaixo”. 

Em coluna recente, o especialista diz que existem três maneiras de ter acesso aos derivados da cannabis para o tratamento de um animal no Brasil, mas uma delas é esperar a lei, o que está fora de cogitação para o bichinho e seus tutores.

Veja o que diz Erik aqui:

https://www.sechat.com.br/enquanto-a-lei-nao-vem/

Mesmo com tanta burocracia por parte de alguns órgãos do governo, é nítido que já houve uma mudança em relação ao consentimento de donos de pets e veterinários sobre os benefícios que os remédios à base da planta podem propiciar para os animais. Embora haja  ainda um longo caminho pela frente. 

Como disse Talita, é  urgente uma abordagem nas diversas esferas: política, técnica, científica e mercadológica, para que as prescrições por médicos veterinários e o uso desses produtos em animais estejam claramente amparados pela legislação brasileira.