Saiba como será vendido o óleo de Cannabis medicinal mais barato do Brasil

A Abrace quer ampliar o acesso social ao óleo de canabidiol: "55 milhões de pessoas precisando para alguma doença intratável", afirma Cassiano Teixeira

Publicada em 16/11/2020

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Charles Vilela

A Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace) anunciou no início do mês que a partir de janeiro de 2021 passará a produzir e distribuir o óleo de Cannabis medicinal em frascos de 30 ml, o que corresponderia a um mês de tratamento. Para isso, a entidade vem estruturando as unidades de produção em Campina Grande (PB) e no interior de São Paulo, além de investir num sistema mais robusto de tecnologia. 

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O produto deverá custar apenas R$ 79 aos associados da Abrace. Segundo a entidade, atualmente, produto similar de 30 ml no mercado é comercializado em média por R$ 450, sem considerar os custos com transporte. Para acessar o óleo, o interessado deverá se associar à entidade ao custo anual de R$ 350 e receberá o primeiro produto gratuitamente, tendo que arcar somente com o custo de transporte. 

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Atualmente, a entidade tem mais de 11 mil sócios espalhados pelo Brasil e a estimativa é que, a partir do próximo ano, o crescimento seja, no mínimo de mil sócios ao mês. Segundo Cassiano Teixeira, fundador e diretor-executivo, a Abrace quer focar no público que está tendo o contato inicial com o CBD, além de evitar o desperdício de um produto que porventura não venha a ser usado por não ter a formulação mais adequado para o caso específico do usuário. 

A demanda pela distribuição dos produtos em embalagens menores surgiu a partir da observação da entidade em relação ao consumo do óleo. No início da operação da associação, em 2015, os produtos eram envasados em embalagens de 200 ml para baratear o custo do frete. Dois anos depois, a partir de 2017, foram inseridos os frascos de 100 ml e, mais recentemente, os de 60 ml. “Acreditamos que essa nova opção de quantidade (em frascos de 30 ml) será mais econômica”, diz. “Muitas pessoas iniciam o tratamento, compram o óleo de 100ml e às vezes não dá certo. Caso isso aconteça, vamos evitar que o óleo vá para o lixo.” 

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Em segundo lugar, e talvez o mais importante, seja a possibilidade da ampliação do acesso. E isso deverá ocorrer por dois motivos: o primeiro é que o preço do produto será reduzido. Com apenas R$ 79 mensais o associado poderá ter acesso ao óleo de cannabis. Além disso, ao oferecer o produto em embalagens menores, a Abrace consegue aumentar a disponibilidade do produto sem alterar a qualidade do óleo. 

A Abrace trabalha com três formulações básicas de óleos: o rico em THC (tetraidrocanabinol), o rico em CBD (canabidiol) e o balanceado. Cassiano destaca que a entidade trabalha com a necessidade das pessoas, sempre com o foco em ampliar o acesso. "Algumas pessoas falam que nossos óleos são fracos. Isso não é verdade", defende. "Trabalhamos com concentrações padrões com concentrações de 0,5%, 1% e  2%, mas se se o médico pedir uma concentração maior, temos condições de manipular.” 

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Outra questão observada pela Abrace, que levou a entidade a reduzir o tamanho das embalagens foram alguns casos de mau uso dos produtos. São do conhecimento da entidade casos em que mães adquiriram o óleo em embalagens maiores, como de 100 ml ou 200 ml, e fracionavam o óleo para a comercialização direta, sem autorização da associação, em menores quantidades. “Isso fez com que pensássemos em uma alternativa e irmos no sentido oposto ao que estávamos fazendo, oferecendo o óleo em embalagens menores”, diz. 

Nesse sentido, o novo preço do produto é mais que competitivo e será decisivo para ampliar o acesso. Questionado sobre a possibilidade de a Abrace entrar em competição com as empresas que oferecem o óleo de cannabis, Cassiano é taxativo. Para ele, nem que houvesse mil Abraces não se conseguiria dar conta da demanda reprimida por tratamento à base de Cannabis medicinal no Brasil. “Não tem como concorrer em um mercado de 55 milhões precisando do óleo para tratar alguma doença intratável”, disse. “Somente para epilepsia são 700 mil pessoas.”