Pesquisa internacional com uso de CBD em brasileiros autistas revela melhora em 83% dos casos

Frontiers in Neurology divulgou estudo com efeitos de extrato de CBD em crianças associadas à Ama+Me: 15 delas apresentaram resultados positivos

Publicada em 01/11/2019

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A revista científica Frontiers in Neurology é uma das maiores e mais citadas publicações acadêmicas do mundo. Reúne 100 mil pesquisadores e cobre cerca de 600 disciplinas. Nesta semana, ela publicou um estudo com 18 crianças com Transtorno de Espectro Autista (TEA) do Pará, Brasília e Belo Horizonte.

Segundo a pesquisa, três pacientes suspenderam o tratamento antes do final do primeiro mês devido à ocorrência de efeitos adversos. Porém, foram relatados resultados positivos para os outras 15 crianças que aderiram ao tratamento.

Em julho de 2016, a Ama+me, em parceria com a empresa americana CBDRx e a Universidade Federal de Brasília, iniciou este estudo para entender melhor os efeitos do óleo de cannabis rico em canabidiol sobre os sintomas provocados pelo TEA.

Em agosto daquele ano, a CBDRx doou o óleo para as crianças participantes. As remessas foram enviadas aos pais, que tinham a responsabilidade de observar os efeitos da substância e as reações de seus filhos.

Todos receberam um óleo padronizado, com a mesma composição e origem, que continha uma proporção de ~ 75/1 CBD / THC e foi administrado por via oral em cápsulas contendo 25 ou 50 mg de CBD e ~ 0,34 ou 0,68 mg de THC, respectivamente.

As crianças tinham idades entre 6 e 17 anos, sendo cinco meninas e 13 meninos. O tratamento foi realizado pelos pais, que obtiveram autorização legal da Anvisa para o uso compassivo do extrato com a assistência clínica e acompanhamento do tratamento supervisionados por um dos autores deste artigo.

Para os 15 pacientes que aderiram ao tratamento padronizado, foram apresentadas melhorias nos distúrbios do sono, convulsões e crises comportamentais. Além disso, foram relatados sinais de melhora para o desenvolvimento motor, comunicação e interação social e desempenho cognitivo. 

Segundo o estudo, 14 crianças apresentaram melhorias iguais ou superiores a 30% em pelo menos uma categoria de sintomas. A maioria dos pacientes que aderiram ao tratamento teve melhorias em mais de uma categoria de sintomas. Apenas um paciente, que estava recebendo vários medicamentos neuropsiquiátricos ao longo do estudo, apresentou manutenção geral ou agravamento dos sintomas.

Os autores da pesquisa foram Renato Malcher Lopes, Paulo Fleury Teixeira, Fabio Viegas Caixeta, Leandro Cruz Ramires da Silva e Joaquim Pereira Brasil Neto.

"A Ama+Me cumpre o seu papel que é, além de proporcionar acesso a cannabis, é proporcionar conhecimento científico para que mais pessoas tenham acesso a informações. Para nós é motivo de muito orgulho", destacou Leandro Ramires, presidente da associação.

"Sem THC, não funciona para o autismo", explica pesquisador

Segundo o neurocientista Renato Malcher Lopes, que liderou a pesquisa com as crianças autistas, o efeito só foi positivo nos pacientes em função do tetrahidrocanabinol (THC) em atuação conjunta com o CBD.

"É importante que tenha uma grande quantidade de canabidiol, mas tem que ter THC. Se não tiver THC não funciona bem pra autismo. E o nível que nós usamos aqui no Brasil, que é limitado pelo fato de termos que importar, tem um efeito que pode ser melhorado se a gente pudesse produzir no Brasil extratos com um pouquinho mais de THC".

Segundo Macher, em Israel, um dos países mais avançados em cannabis medicinal, se usa o composto THC em extratos com proporção de 20/1 CBD/THC, ao contrário no Brasil, que possui um terço dese valor:

"A nossa proporção foi de 75/1, e os resultados de Israel são melhores. Então nós precisamos ter a regulamentação para ter produtos com concentrações variadas para o nível adequado par acada caso de autismo"

Leia a pesquisa completa aqui (em inglês)