Relato de caso: britânica tem câncer de mama controlado com o uso de CBD, THC e psilocibina

Após a remissão da doença com o uso das substâncias da cannabis e dos cogumelos, a paciente interrompeu o tratamento, o que resultou no retorno do câncer

Publicada em 30/09/2022

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Por João R. Negromonte

No último dia 22 de setembro, a Sage Journals, importante base de dados que disponibiliza periódicos nas áreas de saúde, ciências sociais, humanidade, engenharia e biomedicina, publicou um relato de caso de uma paciente do Reino Unido diagnosticada com câncer de mama que, após o início do tratamento com os derivados da cannabis e psilocibina, composto presente em algumas espécies de cogumelos, apresentou uma remissão do avanço da doença.

Segundo os médicos, a mulher de 49 anos, apresentava um estágio IV de câncer de mama com metástase para outros tecidos do corpo, como fígado, ossos e linfonodos. Imediatamente eles indicaram uma dieta cetogênica, isto é, restrita em carboidratos, moderada em proteínas e rica em gorduras, preferencialmente as saudáveis, além de um regime de 26 meses de quimioterapia. 

Contudo, a mulher incluiu também a psicoterapia assistida por psilocibina em microdoses para reparar seu bem-estar emocional e além de altas doses de cannabis ricas em THC e CBD. Desse modo, ao combinar a terapia canabinoide, psicodélica e a quimioterapia, o câncer entrou em remissão. Após cinco meses, os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência de progressão da doença e os tratamentos de quimioterapia foram cancelados.

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Figura 1 . Varreduras clínicas de alterações no tumor e metástases antes e após a primeira rodada de tratamento para demonstrar mudanças no resultado clínico. (Imagem: Reprodução/Estudo de caso)

O quadro se manteve estável durante 18 meses mas, ao se sentir confiante, a mulher reduziu drasticamente sua ingestão de cannabis e psilocibina, o que resultou em uma volta do câncer, segundo exames. 

“Isso levanta a possibilidade de que a retirada das terapias canabinoides e psicodélicas possa ter contribuído para o retorno do câncer”, escreveram os pesquisadores.

“Comecei imediatamente a incorporar a cannabis no meu plano de tratamento diário. Em janeiro de 2019, descobri que não havia evidências de progressão da doença, de acordo com meus exames. Isso foi absolutamente inesperado. Quando alguém é diagnosticado com câncer, os eventos mentais, físicos e emocionais que consomem e, lentamente destroem a humanidade, tornam-se uma rotina,” relata a paciente no estudo.

Ela destaca também que ao se descobrir o câncer tudo muda num piscar de olhos. “De repente a morte se torna sua contraparte. É desumanizante, desmoralizante e simplesmente horrível. Entretanto, a cannabis muda tudo isso. Eu consegui dormir, não tinha mais náuseas, voltei a trabalhar e não era mais escrava da minha doença. A esperança que a cannabis oferece restaura e dá vida. O acesso nunca deveria estar em questão.”  

Os pesquisadores explicam que o quadro geral do caso, apresenta forte possibilidade de que os canabinoides e os psicodélicos tenham desempenhado um importante papel modulador ou aditivo ao tratamento padronizado. “Merecem uma maior exploração”, reforçam os mesmos. 

O caso fornece um raro vislumbre do que acontece quando as pessoas que vivem com câncer iniciam e interrompem a terapia assistida com cannabis e psilocibina. Contudo, este estudo apresentou resultados promissores e, ao saber que seu câncer havia retornado, a paciente imediatamente reintroduziu o psicodélico e aumentou seu regime de cannabis, voltando assim a estabilizar sua condição.

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Mês de conscientização do câncer de mama

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é a primeira causa de morte por parte da população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto no Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição. A taxa de mortalidade por câncer de mama foi de 11,84 óbitos/100.000 mulheres, em 2020, com as maiores taxas nas regiões Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente.

No mundo, a doença é a segunda maior causa de mortes, superando o câncer de pulmão, com 2,3 milhões de novos casos anualmente. Por isso, os esforços para reduzir a morbidade e a mortalidade são justificados, dada a grande carga da doença, que atinge 13% de todas as mulheres.  

O desenvolvimento de novas pesquisas, quimioterapias e intervenções direcionadas reduziram consideravelmente a incidência e a mortalidade relacionadas à doença, embora essas melhorias tenham sido observadas apenas em países com altos níveis de índice sociodemográfico (SDIs). “Consequentemente, o desenvolvimento de tratamentos novos, eficazes e acessíveis para o câncer de mama é garantido e remédios à base de plantas, incluindo canabinóides e psicodélicos, têm se mostrado promissores”, conclui o estudo.

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