Que tal CBD para dar um up nos cuidados pessoais e nos negócios?

O colunista Marcelo De Vita Grecco mostra - com exemplos de casos, dados e uma apurada análise mercadológica - as razões pelas quais o canabidiol é o ingrediente da vez, além das possibilidades de negócios novos para o Brasil com grande potencial de

Publicada em 04/03/2021

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Coluna de Marcelo De Vita Grecco*

Pense em um mercado pulsante e inovador, com poderio econômico e amplo potencial de crescimento, consumidores ávidos por novos produtos e conexão cada vez maior com sustentabilidade e consumo consciente. Essa é a indústria de cosméticos, que tem o Brasil como quarto maior mercado mundial, movimentando US$ 30 bilhões em 2018, segundo dados do Euromonitor International. Atualmente, ficamos atrás apenas de Japão, China e Estados Unidos, líder global de mercado que gira sozinho US$ 90 bilhões anualmente.

O canabidiol (CBD) está sendo considerado o “ingrediente da vez” deste mercado. A substância reúne as vitaminas A, B, D e E, bem como possui propriedades anti-inflamatória, antiacne, antibactericida e relaxante. Um verdadeiro elixir para a pele.

O canabidiol (CBD) está sendo considerado o “ingrediente da vez” deste mercado. A substância reúne as vitaminas A, B, D e E, bem como possui propriedades anti-inflamatória, antiacne, antibactericida e relaxante. Um verdadeiro elixir para a pele. Não à toa, alguns especialistas do segmento estão apostando em melhores resultados para o CBD do que aqueles conquistados com ácido hialurônico e, até mesmo, com o retinol. Tudo isso a partir de um elemento de origem natural e sem qualquer efeito psicoativo, pois não age no sistema nervoso central como o tetra-hidrocanabinol (THC).

Se a combinação entre cosméticos e CBD parece boa, ainda tem mais. Precisamos entender que esse movimento não impulsiona apenas produtos, mas sim a oferta de serviços alicerçados em forte apelo conceitual e comportamental de bem-estar. Na Califórnia (EUA), a bola da vez consiste em tratamentos com produtos à base de CBD, literalmente, dos pés à cabeça nos “salões verdes”. Já as sessões de manicure e pedicure estão sendo elevadas a um novo patamar, com esfoliação e massagem com cremes à base do óleo de CBD. Também há cuidados para couros cabeludos secos que estão sendo beneficiados com hidratação por meio de uma mistura de produtos que inclui óleo de cânhamo e tintura de CBD.

E, ao contrário do que muitos podem pensar, essa ascensão não é fruto de uma brisa daquelas que vem e vai. Pelo contrário. O CBD deve estar cada vez mais presente na indústria da beleza, especialmente depois de recente decisão da Direção Geral do Mercado Interno, Indústria, Empreendedorismo e PMEs da União Europeia

E, ao contrário do que muitos podem pensar, essa ascensão não é fruto de uma brisa daquelas que vem e vai. Pelo contrário. O CBD deve estar cada vez mais presente na indústria da beleza, especialmente depois de recente decisão da Direção Geral do Mercado Interno, Indústria, Empreendedorismo e PMEs da União Europeia. Há exatamente um mês, o órgão adicionou o canabidiol à lista de ingredientes legais de cosméticos. Na prática, isso significa que um dos principais reguladores do bloco europeu coloca o CBD na sua Base de Dados de Ingredientes de Cosméticos (CosIng, da sigla em inglês), reconhecendo que esse derivado do extrato, tintura ou resina da cannabis tem função anti-sebo e antioxidante, além de ser um condicionador e protetor da pele. Ou seja, portas abertas dos principais mercados europeus para cosméticos com CBD.

Devido à essa resolução europeia e outras configurações de cenário, esse segmento deve crescer exponencialmente. Os produtos de beleza com infusão de CBD movimentaram US$ 5 bilhões em 2018, mas o montante deve chegar a US$ 18 bilhões até 2026, com taxa de crescimento anual composta de 17%, segundo relatório da Zion Market Research.

Devido à essa resolução europeia e outras configurações de cenário, esse segmento deve crescer exponencialmente. Os produtos de beleza com infusão de CBD movimentaram US$ 5 bilhões em 2018, mas o montante deve chegar a US$ 18 bilhões até 2026, com taxa de crescimento anual composta de 17%, segundo relatório da Zion Market Research.

E lembro que não estou trazendo à tona um mercado novo. Nos anos 1990, a The Body Shop já produzia a linha Hemp, composta por produtos à base de óleo de semente de cânhamo. Hoje, a marca apresenta ainda um apelo extra, pois usa plantas provenientes de comunidades que fazem parte do Ethical Trade Initiative.

Desde então, outras fizeram seus lançamentos. A norte-americana Kiehl’s usa o óleo de semente de cânhamo em um sérum para acalmar e reduzir a vermelhidão da pele. Já a inglesa Lush colocou no mercado um pré-xampu com CBD na fórmula para o fortalecimento dos fios. A Milk Makeup, bastante popular entre os Millennials, também tem vários produtos com CBD. Em maio do ano passado, a Avon também lançou sua primeira coleção de produtos à base de canabidiol, incluindo hidratantes faciais e corporais, além de bálsamos para o corpo e loção para limpeza de pele. Outras marcas com fortes concept stores, como a Shen Beauty, de Nova York, e a britânica Cult Beauty, também já ostentam produtos com CBD em suas prateleiras. Uma verdadeira infusão de CBD na beleza e nos negócios, em apenas alguns exemplos.

O Brasil também possui imenso campo para desenvolver negócios na área de cosméticos, com produtos à base de CBD. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), em 2018, o Brasil possuía 2.794 empresas do setor registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Brasil também possui imenso campo para desenvolver negócios na área de cosméticos, com produtos à base de CBD. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), em 2018, o Brasil possuía 2.794 empresas do setor registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Essa indústria brasileira é reconhecida pela qualidade, tanto internamente quanto no exterior. As exportações brasileiras, por exemplo, alcançam mercados em vizinhos da América Latina e também em países da Europa, Ásia e Oriente Médio, além dos Estados Unidos, com empresas de pequeno e médio portes exportando de forma consistente. As fabricantes nacionais se consolidaram com marcas posicionadas a partir de atributos éticos, orgânicos e naturais.

Agora, imagine o protagonismo que as empresas nacionais poderiam ter na produção de cosméticos com CBD. As possibilidades são ilimitadas, especialmente a partir da produção da planta no País. Essa indústria poderia gerar, em grande escala, novos negócios, receitas e empregos no Brasil. Primeiramente, produzindo para exportação desde já, além de trabalhar também para construir ambiente mais favorável de negócios internamente.

Empresas como Natura e Grupo Boticário, entre outras, têm caminho fértil para avanços significativos com Labs de inovação para produtos à base de CBD. Esse trabalho de pesquisa e desenvolvimento pode ser feito in-house ou em um modelo híbrido, contando com o suporte de startups, por exemplo.

Empresas como Natura e Grupo Boticário, entre outras, têm caminho fértil para avanços significativos com Labs de inovação para produtos à base de CBD. Esse trabalho de pesquisa e desenvolvimento pode ser feito in-house ou em um modelo híbrido, contando com o suporte de startups, por exemplo. Se tem algo que não falta atualmente são alternativas, incluindo possibilidades de parceria e, até mesmo, de benchmark.

As oportunidades para trazer mais beleza à vida dos clientes e fazer bonito nos negócios estão aí e a hora de dar um up é agora.

*Marcelo De Vita Grecco é cofundador, head de Negócios da The Green Hub e colunista do Sechat

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e de responsabilidade de seus autores.

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