Por João R. Negromonte

Recentemente a Google anunciou que as publicidades relacionadas aos derivados de cânhamo, bem como os produtos tópicos, isto é, para uso na pele do canabidiol (CBD), poderão ser feitas sem nenhuma restrição em sua plataforma nos estados da Califórnia e Colorado, nos EUA e em Porto Rico. 

Atualmente, a multinacional norte-americana proíbe o uso de marketing digital e propagandas destes tipos de produtos em sua base de dados em diversos países do mundo, contudo, uma mudança nas políticas sobre “Produtos e Serviços Perigosos, Cuidados de Saúde e Medicamentos” pode mudar essa realidade.

A empresa não deixa claro porque restringe a publicidade aos três mercados distintos e destaca também que o consumo humano das substâncias presentes na cannabis permanecem fora dos limites aceitos, incluindo uso como suplementos alimentares e inalantes. 

A nova revisão prevê que a publicidade dos produtos de cânhamo e CBD apareçam apenas no Google, isto é, as propagandas que aparecem do cabeçalho do Youtube (de propriedade da empresa), por exemplo, não estarão disponíveis.  

Um pequeno passo para o Google, mas um grande salto para a humanidade

De acordo com a multinacional, os produtos farmacêuticos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), uma espécie de Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dos Estados Unidos, poderão ser anunciados nas jurisdições citadas. 

Entretanto, tais mudanças beneficiarão apenas um produtor, a Jazz Pharmaceuticals, cujo Epidiolex com alto teor de CBD é o único produto aprovado pela agência até o momento. Epidiolex é prescrito para distúrbios convulsivos graves em crianças e foi aprovado pelo FDA em 2020.

As mudanças, anunciadas no final do ano passado, entram em vigor no dia 20 de janeiro. Os anunciantes poderão solicitar a certificação do Google a partir dessa data, quando um formulário de inscrição será publicado.

Quais serão as regras de publicidade?

Uma empresa de conformidade de pagamentos e internet contratada pelo Google, chamada LegitScript, fornecerá as certificações em setores de alto risco, como uma câmara de compensação para determinar a elegibilidade para publicidade de produtos. Ou seja, somente produtos aprovados no LegitScript poderão ser promovidos nas plataformas do Google.

Aqueles que buscam anunciar no Google devem fornecer amostras de seus produtos ou testes de THC e certificados de análise de terceiros.

É preciso cautela

Em uma indústria que ainda enfrenta problemas com produtos contaminados ou abaixo dos padrões legais, é preciso cautela na hora de fazer qualquer tipo de publicidade pois, desse modo, “daremos aos consumidores a confiança necessária ao adquirirem seu produto de CBD”, disse Scott Roth, CEO da LegitScript.

O gigante da Internet continua assustado com os anúncios dos produtos derivados de cannabis, pois estudos mostraram que muitos estão contaminados com adulterantes como solventes e metais pesados. Entretanto, conforme as pesquisas dos compostos da cannabis e seus usos medicinais avançam em todo mundo, cada vez mais grandes plataformas digitais se atualizam para acompanhar o crescimento do mercado.