Por Tylla Lima com informações de Newsweed
Cientistas tchecos estão empenhados no desenvolvimento de um substituto do plasma sanguíneo utilizando o cânhamo.
Quando se trata de plasma sanguíneo, a demanda é voraz e a oferta é razoavelmente conveniente, com cerca de 100 milhões de litros de plasma desaparecendo anualmente.
Uma iniciativa revolucionária, conhecida como Projeto Plasma for People, surgiu na República Tcheca. Fundada em 2019, esta startup biomédica busca introduzir uma alternativa orgânica ao plasma sanguíneo, explorando o potencial da edestina, uma proteína derivada de sementes de cânhamo.
Uma alternativa inovadora ao plasma sanguíneo
A espinha dorsal do Projeto Plasma for People reside no uso da edestina, uma proteína encontrada nas sementes de cânhamo. Resultado de extensa pesquisa sobre as aplicações do cânhamo, a edestina foi identificada como uma fonte possível para substituir a albumina, a principal proteína do sangue.
Pavel Kubů, chefe de desenvolvimento médico do projeto, revela que a edestina, comparada com outras proteínas testadas, é a única por seu potencial em apoiar as funções regenerativas do corpo humano. Embora não possa substituir completamente o plasma, o bioplasma à base de edestina pode servir como substituto em situações específicas.
O plasma sanguíneo artificial tem vantagens significativas em relação ao tradicional, destacando-se pela resistência à contaminação por doenças priônicas, VIH ou vírus da hepatite. Além disso, sua administração é possível em pacientes que rejeitam plasma de doadores por razões éticas ou religiosas. Com uma vida útil mais longa e sem a necessidade de congelamento, simplifica os desafios logísticos associados ao armazenamento tradicional de plasma.
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Alternativa econômica e logisticamente simples
O Projeto Plasma for People propõe uma alternativa econômica ao alto custo associado à coleta e armazenamento de plasma sanguíneo. Segundo Kubů, os substitutos à base de edestina podem ser produzidos aproximadamente dez vezes mais baratos que os métodos tradicionais, exigindo poucas sementes de cânhamo, cerca de 1 quilo para 2 litros de plasma sanguíneo.
O plasma orgânico não requer condições específicas de armazenamento, podendo ser transportado como um pó inerte embalado em frasco. Essa característica torna-o particularmente vantajoso em situações de emergência, como desastres massivos.
Atualmente em busca de financiamento para a próxima fase de ensaios clínicos, o projeto enfrenta o desafio de garantir infraestrutura para a produção de Edestina em maior escala. Com 1,5 milhões de euros já investidos, a Plasma For People busca um total de quatro milhões de euros para os estudos clínicos.
A empresa encontrou um investidor na Alemanha com uma patente para a remoção de edestina e um estudo pré-clínico. Além de visar o mercado de plasma sanguíneo, o Projeto Plasma for People mira também as soluções intravenosas, com um mercado estimado em 3 mil milhões de litros por ano. As pesquisas sobre outras patologias, como a doença de Alzheimer, também estão no horizonte, evidenciando o compromisso com a saúde a longo prazo em uma sociedade em envelhecimento.