Para especialistas, queda das ações da Cannabis é uma acomodação à realidade

Depois de uma valorização muito rápida, que fez os olhos dos investidores brilharem, o jogo começa a se acomodar à vida real

Publicada em 19/02/2020

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Por Valéria França

Analistas do mercado já esperavam pela queda das ações da Cannabis. A indústria da maconha legal é um negócio novo, extremamente volátil, e por isso com grandes riscos. Depois de uma valorização muito rápida, que fez os olhos dos investidores brilharem, o jogo começa a se acomodar à vida real.

A Cannabis é um negócio muito novo. Há exatos dois anos, a Cronos Group, que cultiva e distribuiu Cannabis em quatro continentes, foi a primeira do setor a listar as ações na bolsa de Nova York. O fato provocou muita euforia.

Qual é o investimento que sobe 100% ao mês? Parece mágica, mas foi praticamente o ganho das ações de uma das grandes do setor Cannabis, a Tilray– cujo o IPO subiu 388% de julho a outubro de 2018. Na época, havia poucos players no mercado e a expectativa era de muita demanda.

“Quando os riscossão altos, os investidores exigem retornos maiores e se projeta uma amplitude maiordo mercado”, explica David Kallás, coordenador do Centro de Estudos de Negóciosdo Insper.

No Canadá, o mercado investiu US$ 600 bilhões nos primeiros dez meses após a legalização em 2018. Sobraram produtos na prateleira e as empresas tiveram de baixar os preços. Eles custavam, em geral, o dobro do cobrado no mercado paralelo.

Resultado, as empresas lucraram menos do que o planejado, provocando a queda das ações. A Canopy Growth, por exemplo, que era avaliada em US$ 17 bi em abril do ano passado e, agora, vale US$ 8 bi.