Para Carla Zambelli, precisava da direita para cannabis medicinal avançar

Autora de lei sobre tema, deputada federal do PSL afirmou ao portal Sechat que não está em conflito com governo Bolsonaro: “local deste debate é no Congresso e não na Anvisa”

Publicada em 06/08/2019

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Por Marcus Bruno

Apesar de pertencer ao mesmo PSL do presidente Jair Bolsonaro, a deputada federal por São Paulo Carla Zambelli levantou a bandeira da cannabis medicinal na Câmara - e esse não é bem um tema que o partido defenda. Ela inclusive divide a autoria de um Projeto de Lei para o plantio de maconha (com esse fim) junto do colega Marcelo Freixo, do extremo oposto Psol no espectro político. A parlamentar, no entanto, informou em entrevista ao portal Sechat que esse PL deverá ser apensado (anexado) a um texto já existente, de Fábio Mitieri (PSD-SE), que inclusive está mais avançado e tem até comissão criada. Fato que, segundo Carla, não diminui sua participação nesse processo.

"O que aconteceu foi que provavelmente a discussão sobre o projeto que eu estava fazendo abriu uma oportunidade de discussão sobre o assunto, que sempre foi um assunto só da esquerda. E, na possibilidade de uma pessoa de direita e conservadora querer discutir o assunto, acabou que avançaram e estão criando essa comissão especial para discutir outro projeto" afirmou. 

Tanto Carla como Freixo vão integrar a comissão que dará seu parecer ao PL 399/15, que permite "a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta Cannabis sativa em sua formulação". No momento, o grupo está recebendo indicações. Faltam 13 titulares e 26 suplentes. A parlamentar garante que será ativa na participação desse debate e que estudou as legislações de Israel, Canadá e Uruguai.

"Local do debate é o Congresso e não Anvisa"

Questionada se está em conflito com o governo - o ministro da Cidadania, Osmar Terra, por exemplo, está numa cruzada contra a Anvisa pela proposta de plantio de maconha - Zambelli garante que não.

"Essa questão do Executivo eu acredito que é mais ou menos o seguinte: o ministro Osmar Terra se colocou contra a Anvisa legislar sobre o assunto. Esse assunto tem que ser discutido na Câmara com ampla participação da sociedade, e eu também acho que pode ser uma discussão equivocada, partir isso de uma agência do Executivo. Acho que tem que vir do Legislativo. Eu não vejo o posicionamento do governo como algo contra a nossa discussão no Legislativo e sim contra uma precipitação (da Anvisa)".

Na segunda-feira, a deputada inclusive se manifestou pelas redes sociais em apoio ao general Eduardo Villas-Bôas, assessor do Gabinete de Segurança Institucional do Palácio do Planalto e que defendeu a cannabis medicinal em entrevista ao SBT.

https://twitter.com/CarlaZambelli17/status/1157995903254454274

A deputada sustenta que a regulação da cannabis medicinal pode beneficiar, no mínimo, 13 milhões de pacientes de doenças raras, além de portadores de demais patologias, como câncer, autismo e dores crônicas.

"Por outro lado, você torna o tratamento mais acessível e mais barato, porque, se ele for produzido aqui no Brasil, a gente não vai ter esse alto custo que a gente paga hoje e que só as pessoas de alta classe é que podem fazer uso. Então você reduz o valor, com possibilidade de tratamento adequado às pessoas e oportunidade de acesso. E aí a gente tem outra questão que é econômica. Essa área da medicina movimenta bilhões de dólares na América do Norte, e o Brasil poderia ser um grande player de mercado, não só para atuar no mercado nacional, como também exportação".