O MJBizCon Las Vegas por brasileiros que participaram do congresso de Cannabis

Focando em negócios entre empresas de maconha dos EUA, evento dedicou um painel sobre América Latina com a presidente da HempMeds Brasil

Publicada em 17/12/2019

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Por Marcus Bruno

O gigantesco Centro de Convenções de Las Vegas recebeu, na semana passada, mais uma edição do Marijuana Business Conference 2019 (MJBizCon). Focado em negócios entre empresas de Cannabis dos EUA, o evento durou três dias e teve, entre os painelistas, nomes como Marc Randolph, fundador e CEO da Netflix.

Além das palestras, foi montada uma grande área de expositores, com estande de empresas farmacêuticas, medicinais, industriais, de uso adulto, tecnologias de extração e de plantio, entre outros setores. Nestes pavilhões, circulavam livre e legalmente amostras grátis de diversos produtos com CBD, desde comprimidos a chicletes, loções e cremes.

E embora fosse focado no mercado norte-americano, o congresso dedicou um painel para debater a América Latina e contou com uma brasileira. Caroline Heinz, presidente da HempMeds Brasil, dividiu o palco com Gabriel Meneses, vice-presidente para América Latina e Caribe da Aphria, e Kyle Detwiler, CEO da Clever Leaves, os dois últimos sediados na Colômbia.

Pavilhão da MJBizCon Las Vegas (Foto: MJBizDaily)

O painel discutiu o potencial do subcontinente como o próximo grande mercado global de Cannabis. Segundo Caroline Heinz, por conta da resolução da Anvisa ter sido publicada no Diário Oficial da União no dia da abertura do evento, muitas perguntas foram feitas a ela em relação ao Brasil, tanto sobre as normas, como mercado:

"Então eu pude falar bastante sobre o Brasil, que é o próximo mercado a se aquecer por causa da regulamentação. Falamos da falta de regulação do México, mas também da própria Colômbia, onde está se esperando uma nova regulamentação na qual se entenda o que eles podem fazer, porque agora eles podem plantar, mas não podem exportar. Então eles também estão num limbo, o que em breve vai mudar", descreveu.

"Foi um painel geral de América Latina, com as diferenças regulatórias de cada um. Especificamente sobre o Brasil, eu pude falar como é difícil, para nós, por ser o maior país da América Latina e fazer fronteira com países que já tem regulamentações diferentes da nossa, caso do Paraguai, do Uruguai e do Peru", concluiu Caroline.

Circulavam na feira livre e legalmente amostras grátis de diversos produtos com CBD, desde comprimidos a chicletes, loções e cremes (Foto: Tarso Araújo/ Arquivo Pessoal)

“Feira como um todo não tinha tanto interesse no Brasil”

Brasileiros que estiveram no evento buscavam oportunidades de negócios, como produtos para vender em atacado no nosso país. Outros apenas se atualizando sobre o mercado, procurando informações sobre maquinários ou tours em empresas já estabelecidas nos EUA. 

No entanto, o painel em que Caroline Heinz participou foi o único que falou sobre Brasil e América Latina. Conforme Tarso Araújo, Diretor de desenvolvimento de negócios da empresa brasileira de Cannabis medicinal Entourage Phytolab, o mercado norte-americano está focado em si já que é um momento de bastante aquecimento.

"Mas existe um interesse pelo Brasil, entre os que estão ligados em América Latina, geralmente uruguaios e colombianos. Participei de um podcast da MJBiz com interessados em relatar as novidades daqui. Na feira, como um todo, no entanto, não havia tanto interesse pelo Brasil porque o evento é muito focado no B2B local (business to business), que é fortíssimo. Os mercado americano é muito grande e está muito aquecido desde o ano passado com a aprovação do farm bill (a lei agrícola que legalizou o cânhamo)".

Marc Randolph, fundador e CEO da Netflix, discursou sobre empreendedorismo (Foto: Tarso Araújo/ Arquivo Pessoal)

"Fazemos mais negócios fora da feira do que dentro", diz sócia da Revivid

A empresária brasileira radicada no Colorado Keila Santos, sócia da Revivid CBD, esteve no congresso mais para reuniões com clientes e parceiros do que para expor sua empresa.

"Nosso time já está no negócio há 10 anos, então nós viemos para prestigiar eventos de clientes, fazer reuniões com clientes e advogados e ir em alguns eventos estratégicos de vendas. Nós fazemos mais negócios fora da feira do que dentro. Mas isso se deve a questão de já estarmos já indústria há muito tempo", explicou.

Por isso, para Keila, não valeria a pena colocar um estande na feira.

"Eu acho super interesse a diferença que o evento tem de um ano para o outro. Eu participo desse desde o primeiro ano, na primeira vez tivemos um stand e não valeu a pena, não tivemos retorno, creio que quem tem mais retorno não são empresas de produtos, mas sim as de prestação de serviços ou maquinários".

Além das reuniões, Keila aproveitou a ida a Las Vegas para prestigiar a vitória da lutadora brasileira Amanda Nunes, a Leoa, que está sendo patrocinada pela marca Revivid Sport. Amanda derrotou a holandesa Germaine de Randamie.

Amanda derrotou a holandesa Germaine de Randamie (Foto: Divulgação/ Amanda Nunes)