O mercado da cannabis é delas?

Entre homens e mulheres, quem sai na frente quando o assunto é o mercado da cannabis?

Publicada em 08/03/2022

capa
Compartilhe:

Por Jacqueline Passos

Muito se fala que as mulheres devem dominar o mercado de trabalho da cannabis. E existem dois motivos para isso: o primeiro, é que este é um setor que começou, no Brasil e no mundo, com mães, mulheres que derrubaram barreiras do preconceito e da legislação para conseguir o medicamento para seus filhos. No nosso país, mulheres como Katiele Fischer e Margarete Brito literalmente abriram caminho para que pudéssemos chegar ao lugar que conquistamos hoje. 

>>> Participe do grupo do Sechat no WHATSAPP e receba primeiro as notícias

Além disso, a cannabis é uma planta dioica. Ou seja, os gametas femininos e masculinos são produzidos por exemplares distintos, resultando em plantas femininas e masculinas. No caso da cannabis, é a espécie feminina que possui a maior concentração de fitocanabinoides, por isso, é através dela que é feita a extração do óleo. Em outras palavras, podemos dizer que a cannabis medicinal é feminina. Mais um ponto positivo para nós.

Apesar disso, o cenário que vemos no mercado de trabalho da cannabis ainda mostra certa desproporção quanto às posições masculinas e femininas. De acordo com a Xah com Mariaz, que fez um levantamento com 74 empresas do setor da cannabis no Brasil pelo Linkedin, apenas 176 posições são ocupadas por mulheres, enquanto que 247 são ocupadas por homens. Ou seja, as mulheres ocupam um pouco mais de um terço do mercado, enquanto o sexo masculino engole os outros dois terços. 

>>> Participe do grupo do Sechat no TELEGRAM e receba primeiro as notícias

Já nos Estados Unidos, o sexo feminino caminhava para conseguir uma igualdade de participação no mercado de trabalho. Tanto que, em 2019, segundo o MJBizDaily, as mulheres que ocupavam cargos executivos no setor eram 37%. No entanto, em 2021, esse número caiu para 22%. Já em outros negócios - não relacionados às empresas canábicas - o movimento foi inverso. O sexo feminino representava apenas 21% em 2019 e, em 2021, saltou para 29,8%. 

Números ainda tímidos perto da capacidade e do potencial que as mulheres podem oferecer para o mercado. Algo que, inclusive, os dados também mostram. De acordo com a The Arcview Group e a National Cannabis Industry Association, nos EUA, empresas com pessoas do sexo feminino em cargos de liderança são mais lucrativas e produzem mais que o dobro da receita por dólar investido. Por outro lado, apenas 8% dos CEOs das empresas de cannabis são mulheres.

>>> Inscreva-se em nossa NEWSLETTER e receba a informação confiável do Sechat sobre Cannabis Medicinal 

Talvez os números não sejam tão promissores para a data de hoje, 8 de março, Dia Internacional das Mulheres. Mas, nós mulheres que estamos imersas no mercado da cannabis, um setor desafiador e, ao mesmo tempo, emocionante, devemos nos alegrar todos os dias por estarmos fazendo parte da história da cannabis no Brasil. Assim como as mães fincaram a bandeira da cannabis medicinal em 2014, nós também - tentamos - fincar a bandeira das mulheres e da diversidade todos os dias em nosso dia a dia. Lutamos pela regulamentação da planta e por direitos iguais a todas aquelas do sexo feminino. Feliz dia a todas as mulheres! Sejam elas do mundo verde ou não.