Por João R. Negromonte
Hoje, dia 24 de novembro, a seleção brasileira de futebol masculino estreia na copa do Qatar de 2022 e, para celebrar a data, separamos um momento histórico do maior artilheiro do Brasil em copas do mundo e craque Ronaldo Nazário, o fenômeno.
No dia 11 de dezembro de 2012, o ex-goleiro do Palmeiras, Marcos Roberto S. Reis, o “Marcão”, fazia sua despedida dos gramados em uma partida amistosa com grandes nomes do futebol nacional. Entre eles Ronaldo que, antes da bola rolar e em momento de descontração com Edmundo, outro grande ídolo da torcida palmeirense e um dos convocados para a copa de 1998, brincou: “vamos apertar unzinho”?
Fazendo a leitura labial, além dos gestos de fenômeno, é possível perceber que Ronaldo utiliza uma gíria normalmente falada por usuários de maconha. Confira o vídeo do momento exato que o artilheiro fala com Edmundo:
Em entrevista à revista “Playboy” em 2014, o ex-jogador e pentacampeão do mundo falou abertamente sobre a polêmica envolvendo sua vida dentro e fora do campo. “Fumei maconha depois da carreira esportiva, quando não tinha compromisso com o exame antidoping. Antes, não. Até porque eu não tinha vontade”.
O craque brincou que quando fez uso adulto da cannabis seu apetite ficou alterado: “quis comer até a mesa”, destacou ele ao ressaltar que não havia provado outra coisa a não ser a maconha e algumas bebidas alcoólicas: “não provei outra coisa além da maconha. Só uísque e vodca. Gosto de cerveja e vodca com energético”.
Uso medicinal de cannabis para atletas
É comum atletas de alto rendimento, como jogadores de futebol, apresentarem lesões decorrentes das intensas rotinas de atividades físicas e treinamentos necessários para aprimorarem suas performances esportivas.
Como forma de atenuar esses efeitos, o uso da cannabis tem se mostrado um importante aliado na diminuição do tempo de recuperação muscular e manejo da dor, além do controle da insônia e ansiedade, muito comuns nos atletas em vésperas de jogos de eventos importantes, como a copa do mundo.
O médico ortopedista e traumatologista com especialidade medicina esportiva, Dr. Jimmy Fardin, explica que os compostos da cannabis, principalmente o canabidiol (CBD), o único permitido para atletas que competem em grandes eventos esportivos, atuará na cascata de inflamação e, diferentemente dos anti-inflamatórios comuns, os derivados da cannabis modulam por meio dos receptores CB1 e CB2 a liberação e a reabsorção das citocinas inflamatórias. “Em vez de inibir ele equilibra esses fatores impedindo que a inflamação perdure tempo demais, gerando uma melhor recuperação muscular”, explica.
Desse modo, o atleta pode voltar aos treinos ou competir em menos tempo e sem desconfortos. Além disso, o CBD também age em neurogênese (processo de formação, migração e diferenciação de novos neurônios) e neuroplasticidade (capacidade do sistema nervoso modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência).
“Isso é bem importante quando temos esportes de contato que geram concussões cerebrais, pois a neurotoxicidade de traumas na cabeça, por exemplo, poderá ser melhor controlada pelas células da glia do encéfalo”, ressalta o ortopedista que continua: “o CBD, via receptores 5HT1 e 5HT2, também atua contendo a ansiedade dos atletas pré-prova e em receptores de adenosina, promovendo uma melhora da sensação de cansaço, depois da prova”.
A grande maioria dos jogadores de futebol ainda não utilizam, ou não expõem o uso dessa terapia no controle de patologias e no controle do desgaste físico. Contudo, é preciso lembrar que o Brasil está atrás de muitos países no que se refere a utilização da cannabis para o tratamento de diversas doenças.
Nos EUA, Uruguai, Canadá, Alemanha, Espanha e Israel, por exemplo, a população já tem acesso a alguns suplementos alimentares à base de cannabis, que dispensam a apresentação de receituário médico para sua aplicação.
“Na prática, esses países permitem que a população se beneficie de maneira preventiva, enquanto, por aqui, o uso é feito para tratar as patologias e os problemas decorrentes das mesmas”, conclui o ortopedista.