O boom financeiro dos psicodélicos

Empresas arrecadam milhares de dólares para investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias com o uso medicinal de compostos como DMT, LSD, psilocibina e MDMA

Publicada em 24/02/2023

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Por Redação Sechat com informações de NeoFeed

Por muitos anos, alguns compostos psicodélicos como o DMT, LSD, psilocibina e o MDMA, foram inibidos pelo governo e considerados perigosos por grande parte da sociedade. Contudo, essa realidade tem mudado gradativamente e, corroborando com o entusiasmo desse “renascimento”, altos investimentos estão sendo feitos no setor.

Mesmo investidores mais conservadores, como os presentes no coração financeiro de Nova Iorque (EUA), na famosa Wall Street, estão injetando dezenas de milhares de dólares em empresas especializadas na terapia psicodélica. 

Um exemplo de como o mercado está aquecido é o caso da Transcend Therapeutics, que investiu US$ 40 milhões em janeiro deste ano, para desenvolver um tratamento para estresse pós-traumático. “É necessário apenas uma receita de MDMA para começar o tratamento”, destacou o CEO da empresa, Blake Mandell, em entrevista ao The Wall Street Journal.

Quem também se manifestou foram as companhias Gilgamesh Pharmaceuticals e Lusaris Therapeutics, que anunciaram uma arrecadação de US$ 100 milhões cada, para o desenvolvimento de produtos à base de psicodélicos para o tratamento da depressão.

O foco, segundo afirmam seus gestores, é criar terapias menos custosas e acessíveis a todos, entretanto, as rodadas de captação coincidiram com uma forte onda de vendas de ações de empresas de biotecnologia, no ano passado. 

A situação interrompeu um pouco o entusiasmo a respeito dos psicodélicos, mas não o otimismo, já que a redução das avaliações incentiva a chegada de investidores.

A britânica Small Pharma, que está desenvolvendo um tratamento para depressão a partir da Dimetiltriptamina (DMT), apresenta em bebidas psicoativas como a ayahuasca, gastando US$ 52 milhões com uma oferta de ações no Canadá, em 2021.

Com US$ 17 milhões ainda em caixa, fruto desse aporte, a empresa está planejando uma nova oferta para financiar mais estudos, sem demonstrar preocupações com a retração dos investidores para companhias de biotecnologia, como ocorreu no último ano.

Uso medicinal dos psicodélicos

Cientistas e pesquisadores de todo mundo também estão de olho no mercado. Estudos da década de 40, quando não havia restrições para o uso e pesquisa com compostos alucinógenos, estão sendo revisados e atualizados.  

Os primeiros resultados mostraram que o LSD, a psilocibina – principal substância ativa dos cogumelos alucinógenos – e o MDMA, uma das substâncias presentes no ecstasy, podem ajudar no tratamento de depressão, estresse pós-traumático e outras doenças psiquiátricas. E com um desempenho superior aos medicamentos tradicionais administrados pela indústria farmacêutica.

A questão da saúde mental tem chamado a atenção nos Estados Unidos. Segundo dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Drogas), órgão federal responsável por monitorar e orientar sobre questões de saúde no país, um em cada 25 americanos vive com alguma doença mental grave.

No Brasil, por exemplo, o uso destas substâncias para fins medicinais é controlado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que, por meio de autorizações excepcionais e prescrição médica para uso individual, permite a importação de tais produtos desde 2013.

A expectativa é de que os psicodélicos possam ajudar no tratamento dessas pessoas. O FDA, órgão estadunidense equivalente à Anvisa, deve aprovar o uso de MDMA e da psilocibina em tratamentos psiquiátricos nos próximos anos.