Médica utiliza cannabis para tratar animais com osteoartrite

A condição prejudica a locomoção e o desgaste na articulação dos animais

Publicada em 01/02/2024

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Em Foz do Iguaçu, no Paraná, Neide Griebler de 29 anos trabalha como médica veterinária promovendo o tratamento em pacientes com ansiedade, epilepsia e todos os tipos de dor. 

 

O contato inicial veio no mestrado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) focado no uso da cannabis como alívio da dor para cães, quando começou os trabalhos relacionados à osteoartrite. Isso foi fundamental para Neide começar a receber tutores em seu consultório para tratar enfermidades dos pacientes.

 

Segundo a médica, os tutores dos pacientes do mestrado comentaram que os resultados foram positivos. ''A melhora nesses animais é incrível, é nítida. Tem muitos tutores falando sobre a vida do seu animal mudada completamente, até fazendo movimentos que não faziam, pelo alívio da dor.'' 

 

Diversos tipos de doenças afetam os animais que chegam ao consultório de Neide, como epilepsia e botulismo, sendo a dor a maioria dos problemas nos mais idosos, particularmente, as articulares.

 

Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal abordará avanços na Medicina Veterinária com o Módulo Vet Cannabis em 23 de Maio de 2024

Principais Temas Abordados:

  • Sistema Endocanabinoide e Uso Clínico Veterinário: Explorando a complexidade do  sistema endocanabinoide em animais e seu potencial uso na prática clínica veterinária.

  • A Medicina Veterinária e o Desenvolvimento da Economia Canábica Brasileira: Analisando como a medicina veterinária pode influenciar e ser influenciada pelo crescimento da indústria da cannabis no Brasil.

  • Cannabis como Aliada à Medicina Veterinária Integrativa: Investigando de que maneira a cannabis pode integrar abordagens tradicionais e complementares na prática veterinária.

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Após as consultas, Neide acompanha a evolução do tratamento por aplicativo de mensagem com os pacientes, caso seja necessário aumentar ou diminuir a dose, conforme seja a resposta do animal. A médica conta a importância desse acompanhamento no tratamento e a boa adaptação.  

 

''A maioria se adapta super bem, mas não sabemos se na primeira semana vai haver adaptação. O paciente pode ter alguns efeitos colaterais naquela primeira semana e não são graves na grande maioria. Então, às vezes, pode estar um pouco mais sonolento ou ter um vômito. São coisas brandas que preocupam o tutor e eu estou disponível para conversar.''

 

Consulta além do escritório 

 

Neide conta que os tutores já tinham conhecimento prévio sobre cannabis por causa de outros tratamentos que não proporcionaram o resultado esperado. 

 

No manejo dos pacientes, Neide criou uma ''escala de eventos'' após um paciente apresentar convulsões constantes. Foi aí que ela entendeu que precisava de um espaço para documentar a quantidade e a duração dessas crises. Essa dinâmica facilita entender os efeitos da cannabis no organismo.

 

''Eu montei uma escala como uma forma de acompanhamento para poder ver se o paciente teve alguma coisa, se houve algum efeito ruim ou saber se algo aconteceu no dia anterior e comparar com outros dados. Por conta disso, eu consigo ter todo esse acompanhamento e mostrar ao tutor a evolução desses casos a partir da devolutiva que eu recebo nesse documento.''

 

A questão do preço dos medicamentos 

 

Em 2023, Neide intensificou o tema nas suas redes sociais para trazer uma melhor atenção e chegar em novos tutores. ''Eu trago muitas discussões no Instagram, principalmente nos stories. Então, às vezes, eu coloco algum caso ou abro uma caixinha de perguntas, e o pessoal tira suas dúvidas''. 

 

Segundo ela, a demanda é bastante o suficiente, mas o preço dos medicamentos acaba afastando alguns tutores. 

 

''O animal tem dor, ele tem alguma disfunção, o tutor tentou várias coisas e quer tentar a cannabis também. Então eu vejo que pelo público é bem aceito. A questão é acharem ser ''só'' uma planta, mas passa por todo um processo industrial para chegar no extrato recomendando para os pacientes, mas ao se deparar com o preço, normalmente dá um passo para trás. Então, muitas vezes eles não querem. 

 

O custo elevado de medicamentos com maconha no país se deve pela regularização dos produtos no mercado brasileiro que impede a produção nacional e precisar arcar com os altos impostos de importação do medicamento vindo de outros países.

 

Por morar numa cidade com fronteira para o Paraguai e a Argentina, muitos tutores buscam os extratos da cannabis nesses países na busca por um preço melhor e de durabilidade para o paciente. Neide afirma que sempre recomenda os medicamentos de associações aqui do Brasil na legalidade da ANVISA, por não saber a procedência e os compostos desses medicamentos do exterior, pois para a médica, isso é responsabilidade do profissional.

 

''Muitos pensam que qualquer extrato comprado é válido, mas a gente preza pelas nossas ações, porque o profissional sabe quando é um produto de confiança. Acabam comprando todo tipo de óleo ou composição na intenção de servir para uma ou outra coisa, e não é bem assim'', disse.