Experimento revela possíveis benefícios da psilocibina contra o daltonismo

Caso singular levanta questões intrigantes

Publicada em 02/02/2024

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Um homem de 35 anos, diagnosticado com deuteranomalia leve, comumente conhecido como daltonismo, experimentou melhorias notáveis em sua visão após submeter-se a um tratamento com psilocibina, de acordo com um estudo liderado pelo psiquiatra Brian Barnett da Cleveland Clinic 

Desde a primeira experiência com o composto derivado de alguns cogumelos, o indivíduo relatou uma melhora perceptível em sua capacidade de distinguir as cores vermelha e verde. Essa descoberta, publicada em 2023 na revista Drug Science, Policy and Law, destaca um fenômeno pouco explorado até então. Embora o caso seja singular, a literatura científica anterior já insinuava a possibilidade de tais melhorias, conforme relatado pelo Gizmodo. 

Os autores da pesquisa, composto por médicos e pesquisadores da Universidade do Alabama, reconhecem a necessidade de uma análise mais abrangente sobre os efeitos da psilocibina no daltonismo. Brian Barnett e sua equipe afirmam que, embora os resultados sejam intrigantes, a amostra limitada de participantes exige uma avaliação mais robusta.

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O processo de melhoria: uma autoterapia com psilocibina 

O homem em questão, usuário ocasional de psicodélicos como psilocibina, LSD e DMT, percebeu uma leve melhoria em sua visão após o consumo dessas substâncias ao longo dos anos. Inspirado por esses efeitos, decidiu realizar um experimento pessoal. 

Iniciando com um teste de Ishihara, utilizado para medir o grau de daltonismo, o participante comunicou regularmente seus resultados aos médicos envolvidos na pesquisa. Após 436 dias do uso inicial da psilocibina, os profissionais conduziram seu próprio estudo. O teste de Ishihara revelou uma pontuação inicial de 14 pontos, que aumentou para 19 pontos após a administração da psilocibina, superando a linha de base normal de 17 pontos. 

No entanto, os pesquisadores enfatizam que as melhorias duraram pelo menos 16 dias, sendo impossível determinar se a psilocibina foi a responsável por melhorias contínuas, já que o participante utilizou outros psicodélicos posteriormente. 

Perspectivas e limitações 

Embora esse seja um caso singular e baseado na experiência de um único indivíduo, os pesquisadores estão otimistas sobre seu potencial para abrir novas perspectivas. Brian Barnett destaca que, embora a psilocibina não possa corrigir defeitos genéticos associados ao daltonismo, ela pode ter a capacidade de aprimorar o processamento da informação sensorial visual no cérebro. 

Apesar desses achados promissores, os pesquisadores advertem que é prematuro considerar a psilocibina como uma cura definitiva para o daltonismo. São necessários estudos mais amplos e controlados para compreender completamente os efeitos e limitações dessa abordagem terapêutica inovadora. A pesquisa, embora sugestiva, instiga uma reflexão mais profunda sobre o potencial dos psicodélicos no campo da saúde visual.