Conheça a história do paciente e artista canábico, Jonas Tavares

Diagnosticado com epilepsia aos cinco anos de idade, Jonas decidiu sair do Brasil em busca de um melhor tratamento para a sua patologia

Publicada em 23/02/2024

capa
Compartilhe:

image.png
Jonas Tavares - THCamera Cannabis Art

Com apenas 19 anos de idade, o jovem portador de epilepsia, Jonas Tavares, precisou tomar uma decisão muito importante. Ficar no Brasil e tentar um tratamento com medicamentos convencionais, ou emigrar para Portugal em busca de uma qualidade de vida mais digna.

 

Assim começa a trajetória pela Europa do, atualmente, fotógrafo e designer gráfico, de 34 anos, que usou de suas adversidades para criar o “THCamera Cannabis Art”. Projeto voltado à fotografar a cannabis e suas particularidades.  


THCamera Cannabis Art, uma nova perspectiva


“O nome “THCamera”, basicamente, resume o projeto. Quando comprei a câmera e comecei a estudar microfotografia, descobri os mínimos detalhes da cannabis. Ela tem uma das flores mais incríveis, mais bonitas que existem e eu quero mostrar isso para as pessoas” Comenta o artista ao falar de sua arte.    

 

Segundo Jonas, mostrar essa beleza da planta é a melhor forma de tirar todo o estigma e preconceito que foi instaurado sobre a cannabis, durante os últimos séculos. No Brasil, mesmo, está ainda sendo uma pauta tabu, existem iniciativas, como a primeira exposição cultural do Museu Brasileiro da Cannabis que buscam dar visibilidade e voz a produções artísticas 


Ao falar das suas experiências em exposições, o fotógrafo comenta que gosta de ficar distante de suas obras, só observando o público. Segundo ele, “inconformidade” e “espanto”, são duas reações normais das pessoas, ao descobrir que aquela imagem se trata da cannabis.


Descoberta da patologia 


 

Snapinsta.app_196866666_3980890895341654_6880425569868891065_n_1080.jpg
THCamera Cannabis Art


Logo após ser diagnosticado com epilepsia, aos cinco anos de vida, Jonas precisou iniciar um tratamento, que durou até os seus 10 anos, com remédios alopáticos. Experiência que, segundo ele, causou diversos danos a sua saúde mental e física.  


“Passei muita dificuldade com os medicamentos. Um deles me causou muito ganho de peso, cheguei a ficar obeso. Além de todos os problemas e preconceitos causados pela doença, ainda tinha essa questão dos efeitos colaterais dos remédios”, relata o artista. 


Junto às reações adversas do medicamento, Jonas, não via uma melhora nas “ausência”, uma das crises geradas pela epilepsia. Segundo ele, esses “desligamentos” , que ocorriam com uma grande frequência, eram piores até mesmo que as crises de convulsão.    


Depois de encerrar o tratamento com alopáticos, o paciente ficou sem sintomas até os seus 18 anos. Junto a maioridade, Jonas voltou a ter crises e ao procurar um médico, descobriu que precisaria voltar a utilizar a mesma medicação de antes - responsável pelo período de obesidade. Neste momento, ele decidiu ir atrás de tratamentos alternativos com a cannabis.  


“Pensa, 15 anos atrás. Tratamento com cannabis. Era difícil achar um médico que aceitasse, sofri muito. Mas, depois de muito tentar, consegui iniciar um tratamento secundário com a planta”, comenta Jonas. 


Busca de tratamento do exterior 


Em Portugal, Jonas começou sua trajetória profissional dentro da cozinha de um restaurante. Em meio a uma briga com seu colega de trabalho, Tiago Fonseca, o ex-cozinheiro descobriu um hobby em comum. Assim nasceu o projeto THCamera.


“Quando conheci o Tiago, descobri que assim como eu, ele tinha um caderninho onde anotava as diferentes strain (variedade) de cannabis, conhecidas. Depois disso, viramos amigos e fundamos o THCamera, projeto que, cerca de um ano atrás, começou a ser comandado somente por mim”, comenta o fotógrafo. 

 

Snapinsta.app_156499578_1233802227014178_3523526298808926908_n_1080.jpg
THCamera Cannabis Art

Busca de tratamento do exterior 

 

Em Portugal, Jonas começou sua trajetória profissional dentro da cozinha de um restaurante. Em meio a uma briga com seu colega de trabalho, Tiago Fonseca, o ex-cozinheiro descobriu um hobby em comum. Assim nasceu o projeto THCamera.

“Quando conheci o Tiago, descobri que assim como eu, ele tinha um caderninho onde anotava as diferentes strain (variedade) de cannabis, conhecidas. Depois disso, viramos amigos e fundamos o THCamera, projeto que, cerca de um ano atrás, começou a ser comandado somente por mim”, comenta o fotógrafo. 

Com o THCamera, Jonas e Tiago passaram por importantes exposições na Europa, como a Cannadouro, principal de Portugal, onde expôs seu trabalho, por quatro anos. Nestas feiras, a dupla captou clientes de lugares como Itália, Espanha, Irlanda, ação que permitiu a eles criar novas conexões para difundir sua arte.  


Além da ascensão profissional, em Portugal, o artista também teve a oportunidade de realizar um tratamento digno para a sua patologia. Por lá, Jonas cultivou o hábito de ingerir a maconha para fins medicinais, de maneira fumada. Algo que se mantém até hoje.  


“Antes na minha vida tudo era pautado pela epilepsia. Costumo dizer que a doença é como uma ‘âncora amarrada no pé’. A cannabis me possibilitou viver sem isso, ser mais livre e tomar minhas próprias decisões”, relata Jonas. 


Retorno ao seu país


Em 2023, cerca de 15 anos depois de sair do Brasil em busca de uma melhor qualidade de vida, Jonas precisou retornar ao seu país natal, por conta de problemas pessoais. Agora, sua meta é expandir o projeto THCamera e levar uma nova perspectiva sobre a cannabis.

 

Snapinsta.app_241314244_2752561595044362_6694425617217043171_n_1080 (1).jpg
THCamera Cannabis Art


Segundo o artista, suas obras podem estar penduradas na parede de todas as famílias brasileiras. Desta forma pessoas sem afinidade, ou informação sobre o tema podem ter interesse sobre ele: “meu intuito é gerar o debate, para onde ele vai eu já não tenho controle”, comenta Jonas.   


O fotógrafo complementa dizendo que ainda percebe esta realidade um pouco distante no Brasil. Local onde a cena da “cannabis” ainda é estagnada, conforme ele relata em tom de brincadeira. 


“Quando fui embora do país, aqui em frente da minha casa tinha um buraco na rua. Agora que voltei, ele continua lá, é o mesmo! Sinto a cena da cannabis desta maneira, parada. Principalmente quando o assunto é legislação. Olho para Portugal e outros países da europa e américa e encontro outra realidade”. 


Entraves legais 


Paciente e artista canábico, Jonas, recém chegado ao Brasil, ainda estuda a melhor maneira de continuar tendo contato com a flor da cannabis. Segundo ele, a burocracia e demora do estado, são importantes barreiras para o avanço do tema no país. 


“Se ficar no Brasil, penso em tirar o meu Habeas Corpus para cultivo. Hoje é a única maneira que tenho de conseguir a flor da cannabis, se eu vou atrás de uma associação medicinal, só consigo o óleo. Infelizmente o país não me possibilita outras vias de acesso à planta”.