Cogumelos mágicos: decifrando o enigma da dependência 

Explore os mistérios por trás dos cogumelos mágicos e descubra se a psilocibina, seu principal composto ativo, é realmente viciante

Publicada em 07/12/2023

capa
Compartilhe:

Uma viagem de cogumelos pode mudar vidas, mas será que a experiência de uma viagem cósmica e transformadora também pode despertar o desejo de fazê-la de novo? Entenda. 

O que é vício? 

Os humanos são suscetíveis a se tornarem dependentes de praticamente qualquer coisa que proporcione prazer ou alívio do estresse, incluindo substâncias como açúcar, compras, e até mesmo trabalho. No entanto, os transtornos por uso de substâncias são os mais comuns, caracterizados pelo uso contínuo, apesar dos impactos prejudiciais nos relacionamentos, saúde e vida cotidiana. O vício é um processo cíclico com estágios distintos: intoxicação, abstinência e antecipação. 

Os estágios da dependência: do prazer à compulsão 

No primeiro estágio, a intoxicação pela substância desencadeia uma inundação de dopamina, ativando os centros de recompensa no cérebro. Na segunda etapa, surgem sintomas de abstinência, seguidos pela terceira etapa, onde a antecipação e a compulsão tornam-se dominantes, levando à busca contínua pela substância para aliviar a ansiedade. 

A Psilocibina: uma jornada sem amarrações? 

Mas e quanto à psilocibina? Será que os cogumelos mágicos podem prender os indivíduos em um ciclo vicioso? Estudos indicam o contrário. Os psicodélicos clássicos, como a psilocibina, que atuam nos receptores de serotonina do cérebro, não são considerados viciantes. Sua ação prolongada dessensibiliza os receptores, minimizando a tolerância e a possibilidade de abuso. 

Estudos sobre a dependência da psilocibina em animais, uma abordagem comum para avaliar o potencial de abuso em humanos, revelaram um baixo índice de autoadministração. Animais treinados para escolher a psilocibina como recompensa optaram, em grande parte, por não realizar comportamentos específicos para obtê-la. 

Rompendo paradigmas: Psilocibina e tratamento do vício 

Surpreendentemente, a pesquisa sugere que a psilocibina pode ser uma aliada no tratamento de vícios. Seus efeitos não apenas não estimulam diretamente o sistema de dopamina, mas também podem ajudar na quebra de padrões viciosos. A psilocibina parece mais propensa a auxiliar na superação de hábitos prejudiciais do que em criar novas dependências. 

Em resumo, ao contrário do estigma associado a algumas substâncias, os cogumelos mágicos, com sua psilocibina, não parecem ser os vilões viciantes que muitos imaginam. Pelo contrário, a pesquisa aponta para um potencial terapêutico, desafiando preconceitos e abrindo caminho para uma compreensão mais holística dos efeitos desses cogumelos mágicos na mente humana.