Norberto Fischer: Anvisa surpreende negativamente, de novo, famílias do Brasil

"Desde setembro de 2017 a agência possui todo o material necessário para a regulamentação. Pergunto: o que esses senhores estão esperando?", questiona o pai de Anny Fischer

Publicada em 07/10/2019

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Por Norberto Fischer

A Anvisa havia agendado para esta terça-feira, dia 08/10, a reunião de Diretora Colegiada que iria votar as consultas públicas referente ao novo marco regulatório no Brasil para o plantio e produção de medicamentos à base de Cannabis.

Esse movimento é esperado e aceito por 80% da população, segundo informação apresentada pela Senadora Mara Gabrilli recentemente em evento no Senado Federal.

Em 2014, Dirceu Barbano, então presidente da Anvisa, havia dado entrevista para O Globo uma semana antes da reunião da Diretoria Colegiada afirmando não existir problemas para a reclassificação, pois a equipe técnica da Anvisa havia comprovado a segurança de seu uso.

Para nossa surpresa, no dia da audiência, orientado pelo então Ministro da Saúde Arthur Chioro, ele trocou seu posicionamento técnico por uma decisão política.  Um ato de covardia e falta de amor ao ser humano, que trouxe dor e sofrimento para milhares de famílias no Brasil.

Recentemente, Jarbas Barbosa, em evento promovido pela Apepi no Rio de Janeiro, prometeu às famílias que a Anvisa criaria o marco regulatório ainda em sua gestão, que permitiria entre outras coisas, a plantação de Cannabis no Brasil para produção de medicamentos e estudos científicos. Foi mais um presidente da Anvisa que se acovardou e deixou de fazer o que é certo.

Recentemente tive a oportunidade de conversar com o ministro Ônix Lorenzoni (Casa Civil), que afirmou que o núcleo mais próximo ao Bolsonaro é favorável ao uso medicinal da Cannabis e prometeu diversos avanços em 30 dias, mas até agora não vimos um único avanço, ministro Ônix. Estamos aguardando.

Enquanto isso, o ministro Osmar Terra (Cidadania) tem pautado o governo com dados defasados e equivocados.  Senhor Ministro, afirmar que a regulamentação fará com que os brasileiros comecem a fumar maconha e abrirá as portas para o consumo de drogas é argumento medíocre, infantil e sem nenhuma fundamentação lógica.

Desde setembro de 2017 a Anvisa possui todo o material necessário para a regulamentação. Pergunto: o que esses senhores estão esperando? E quantas crianças mais precisarão morrer para que o governo se sensibilize e pare de fazer politicagem com a vida dos nossos filhos.

Espero que o governo pelo menos leia o material produzido pela Anvisa e nos deixe continuar construindo uma Brasil mais justo para as pessoas com necessidades especiais.

Norberto Fischer é o pai da Anny Fischer, a primeira brasileira autorizada a importar o extrato da maconha para uso medicinal. Se tornou um ativista social na luta pelo direito de escolha em como se tratar e em defesa das pessoas com necessidades especiais, tem atuado articulando politicamente para conscientização da sociedade e para que o assunto ganhe força no meio político