Neurologista gaúcho quer pesquisar os efeitos do canabidiol no Parkinson

Professor Jorge Luiz Winckler, da faculdade de Medicina da Ulbra, busca apoio para estudo pioneiro sobre a cannabis medicinal no RS

Publicada em 28/10/2019

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O Rio Grande do Sul carece de pesquisas sobre cannabis medicinal. Por isso, a iniciativa do neurologista Jorge Luiz Winckler é pioneira no estado. Professor do curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) em Canoas, na Grande Porto Alegre, ele está desenvolvendo um projeto para analisar o efeito de pastas e óleos com canabidiol (CBD) em idosos que sofrem do mal de Parkinson.

A pesquisa irá estudar 120 pacientes portadores da doença divididos em três grupos de 40. Os primeiros serão medicados com CBD puro; o segundo grupo, com CBD mais THC em pouca quantidade; e o último receberá placebo. O objetivo é acompanhar a evolução desses três grupos e qual é a melhora efetiva.

"O foco da pesquisa é em Parkinson porque não tem medicamentos que deem uma boa qualidade de vida para o paciente. Os remédios de hoje prolongam a vida mas não curam nada. Sabemos que o CBD também é uma medicação que vai adjuvante¹, não cura a doença mas melhora bastante a qualidade de vida" explicou o pesquisador ao portal Sechat.

O estudo começou a ser desenvolvido no ano passado, após a realização de um simpósio na Ulbra sobre os benefícios medicinais da cannabis, promovido pela empresa HempMeds, de San Diego (EUA). Dois médicos dos Estados Unidos estavam envolvidos no projeto, um deles diretor da empresa norte-americana. No entanto, a marca desistiu de fornecer a medicação, e o professor busca uma nova parceria.

"Esse grupo de San Diego está se reestruturando, e a coisa está meio parada agora. Estamos buscando outros parceiros já que eles pararam de mandar o medicamento para estudos".

O professor Winckler, que é contra o uso recreativo, lamenta que haja dificuldades em pesquisar a cannabis, já que é uma droga que carrega "muito preconceito".

"Mas, fazendo do ponto de vista científico, não tem porque ter medo. E está sendo feito dentro de uma universidade, que é onde os estudos devem ser feitos", argumenta o médico.

Além da faculdade de Medicina do campus de Canoas da Ulbra, dois professores da Universidade Federal do Piauí também estão participando da pesquisa, são eles os neurologistas Raimundo Campos Souza e Kelson James Almeida, diretor técnico do Centro Integrado de Reabilitação do Piauí (CEIR).


¹ Adjuvante Farmaceutico é toda matéria prima adicionada à forma farmacêutica que vai favorecer as características organolépticas do medicamento