Mercado de cannabis na América Latina: 10 empresas pioneiras

Relatório aponta que o mercado latino-americano de produtos à base de canabinoides valia US$ 168 milhões em 2020, sendo dominado principalmente pelas vendas de canabidiol (CBD) terapêutico

Publicada em 03/01/2022

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Curadoria e edição Sechat, com informações de The Green Hub

O mercado de cannabis na América Latina é lucrativo e promissor. Nove dos 20 países que compõem a região já legalizaram o uso medicinal da planta, sendo que em três deles – Uruguai, México e Chile – o consumo adulto também está liberado. Os demais são Argentina, Paraguai, Peru, Porto Rico, Equador e Colômbia, que com diferentes legislações permitem o plantio e processamento de cannabis em seus territórios com objetivos médicos e/ou industriais.

Essa tendência de legalização da cannabis ganhou força na última década e quanto mais países se somam à lista, mais cresce a relevância da região no cenário global do mercado da planta. Segundo o recente relatório Cannabis – Pesquisa, Inovação e Tendências de Mercado, que traça um amplo panorama e avalia tendências do setor, tanto no âmbito científico, quanto no de negócios, a América Latina deve responder por US$ 824 milhões dos US$ 55,3 bilhões estimados para o mercado global de cannabis no ano de 2024.

O relatório aponta ainda que o mercado latino-americano de produtos à base de canabinoides valia US$ 168 milhões em 2020, sendo dominado principalmente pelas vendas de canabidiol (CBD) terapêutico. A maior parte desta atividade econômica está relacionada ao cultivo, uma vez que os países têm clima propício e conhecimento acumulado em práticas agrícolas.

Toda essa potência econômica está sendo explorada por empresas de todo o mundo. Neste texto, destacamos algumas delas.

Mercado de cannabis na América Latina: conheça 10 empresas pioneiras

  • Avicanna

Empresa de biotecnologia, com sede em Toronto, no Canadá. Suas atividades são focadas no desenvolvimento e produção em itens orgânicos e sustentáveis derivados da cannabis.

A Avicanna tem duas de suas principais subsidiárias instaladas em Santa Marta, na Colômbia. A Sativa Nativa S.A.S. e a Santa Marta Golden Hemp S.A.S. são as bases das atividades de cultivo da organização. Ambas estão licenciadas para cultivar e processar cannabis para a  produção de extratos e canabinoides purificados, incluindo CBD e THC.

Em outubro de 2019, a Avicanna lançou sua linha de dermocosméticos Pura Earth de produtos CBD, disponível, na época, em aproximadamente 59 lojas de varejo de alto padrão em toda a Colômbia.

  • Cronos

Em agosto de 2018, o Cronos Group Inc entrou no mercado latino-americano por meio de um contrato de joint venture (JV) com afiliada do provedor agrícola colombiano Agroidea S.A.S., para criar uma nova entidade, conhecida como NatuEra. 

A NatuEra nasceu para cultivar, desenvolver, fabricar e exportar produtos de consumo

de cannabis na América Latina e além, e desenvolveu suas operações de cultivo e manufatura por meio de instalação customizada em 207 acres em Cundinamarca, Colômbia.

  • LaSanta

Empresa farmacêutica com gestão no Canadá e na Colômbia, licenciada pelo

governo da Colômbia para cultivar cannabis psicoativa e não psicoativa, fabricar e exportar extratos de cannabis e realizar o comércio de genética de cannabis.

A NeutriSci International Inc., sediada em Calgary, assinou acordo para a LaSanta fabricar

tabletes de CBD com base no design de tabletes Neuenergy da NeutriSci, com direitos exclusivos de distribuição na América Central e do Sul.

  • Patagonia Farms

A Patagonia Farms se dedica ao cultivo de cannabis orgânica para fins medicinais em uma área de 800 acres, em Santiago, no Chile.  Em fevereiro de 2020, a empresa assinou acordo com a Elementary Ventures, consultoria de lançamento de negócios, a fim de trazer ingredientes farmacêuticos ativos (APIs) à base de canabinoides da Patagonia Farms para o mercado.

  • Khiron Life Sciences

A Khiron Life Sciences, anteriormente Adent Capital Corp, atua no setor de medicina alternativa e tem sede no Canadá. É uma empresa integrada de cannabis medicinal com suas principais operações na América Latina. Atualmente está presente no Chile, Colômbia, Uruguai, México e Peru (além de ter acesso ao Brasil por meio do Bloco Regional de Livre Comércio do Mercosul).

A empresa está totalmente licenciada para o cultivo, produção, distribuição doméstica e exportação internacional de cannabis medicinal com THC e CBD. Mais recentemente, também firmou joint venture com a Dixie Brands para trazer portfólio de produtos com infusão de cannabis para o mercado da América Latina, dependendo das regulamentações de cada país.

  • Clever Leaves

A Clever Leaves é uma empresa colombiana de cannabis medicinal, cuja primeira instalação é capaz de extrair 24 mil quilos de flores secas. Em 2020, a expansão estava em andamento para aumentar a capacidade de extração esperada para 324 mil quilos de flores secas.

  • Blueberries Medical

É uma produtora totalmente licenciada, com base na Colômbia, de produtos de cannabis medicinal de qualidade premium cultivados naturalmente. Na Argentina, a empresa formou

joint venture com a empresa estatal Cannava Avatãra para fornecer todo o licenciamento e autorização necessários para o cultivo, processamento, extração e exportação de THC e CBD no país.

Esta JV fez da Blueberries uma das três empresas com direitos de produção, extração e exportação de cannabis na Argentina. Em fevereiro de 2019, a Blueberries Medical anunciou carta de intenções para uma joint venture com a India Colorada S.A.S., uma das principais cervejarias artesanais colombianas e produtora da cerveja artesanal mais antiga do país, para pesquisar, desenvolver e comercializar bebidas não alcoólicas à base de cannabis.

  • FCM Global

FCM Global é uma empresa colombiana de cannabis medicinal, que produz uma variedade de extratos, isolados, óleos e microemulsões para apoiar fabricantes de produtos. A organização possui operações comerciais nos Estados Unidos e Europa.

  • Medicplast S.A.

A Medicplast S.A. está sediada em Montevidéu, no Uruguai, e atua no setor de manufatura farmacêutica e de medicamentos desde 1988. Foi a única empresa em 2019 a ter registrado um produto de cannabis medicinal no país: o Epifractan, um óleo disponível com 2% ou 5% de CBD e menos de 0,5% de THC. A empresa também registrou um produto tópico de CBD. A matéria-prima para a fabricação desses produtos atualmente é importada da Suíça.

Mercado de cannabis na América Latina: e o Brasil?

O Brasil está bastante atrasado perante os países latino-americanos que citamos. As casas legislativas brasileiras contabilizavam, no início de 2021, 27 projetos de lei envolvendo a cannabis, segundo levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Cannabis (Ipsec). Desse total, 57% das proposições nasceram nas Assembleias Legislativas dos estados. Na Câmara Federal estão 25% delas e 14% no Senado. O restante, 4% dos projetos, encontram-se nas Câmaras Municipais.

O mais conhecido entre todos é o Projeto de Lei 399/2015, em trâmite no Congresso Federal. Foi elaborado inicialmente apenas com o foco no uso medicinal da cannabis, avançando depois para regulamentação do cultivo, processamento, pesquisa, produção e comercialização de produtos à base de cannabis para fins medicinais e industriais. Sua aprovação é fundamental, porém, o processo está emperrado em Brasília.

Duas resoluções relativamente recentes deram sopro de ânimo e esperança a todos que atuam na área. Em março de 2020, quando o Covid-19 batia nas portas do mundo, começou a vigorar no Brasil a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 327/2019, na qual a Anvisa elenca os requisitos necessários para a regularização de produtos derivados da cannabis. A partir de então, empresas dispostas a fabricar e comercializar medicamentos à base de cannabis podem pedir autorização à Agência. As farmácias e drogarias do país, dessa forma, receberam aval para vender remédios com cannabis indicados pelos médicos. 

Já a RDC 335/2020 da Anvisa, aprovada em janeiro de 2020, simplifica e agiliza o processo de importação do canabidiol. Houve redução de documentos e informações enviadas à Agência, aumento do prazo de validade da autorização para dois anos e eliminada a obrigatoriedade de informar previamente a quantidade a ser importada.

Enquanto avançamos a passos lentos, nossos vizinhos se beneficiam e ganham a dianteira do mercado de cannabis na América Latina. Mas saiba que existe espaço para o mercado de cannabis no Brasil. Descubra as possibilidades de negócios aqui: Mercado da cannabis no Brasil: terreno fértil para boas ideias