Maconha pode ser 30 vezes mais eficiente que Aspirina sem viciar, conclui estudo do Canadá

Publicada em 02/08/2019

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Cientistas da Universidade de Guelph, em Ontario, no Canadá, publicaram na semana passada (24/07) um estudo revelador sobre as moléculas da Cannabis sativa que combatem a dor. A pesquisa foi divulgada na revista Phytochemistry, uma das principais publicações mundiais sobre bioquímica, química de plantas, biologia molecular e genética.

O resultado que mais chama atenção no estudo é que essas moléculas estudadas possuem uma eficiência até 30 vezes maior do que analgésicos comuns, como o ácido acetilsalicílico, vendido como Aspirina. Além disso, a cannabis não causa o vício.

A pesquisa explica que, além das propriedades psicoativas comumente associadas à maconha, existem outras numerosas substâncias na planta que, "acredita-se, contribuem para sua versatilidade medicinal. Este estudo se concentrou em dois desses compostos, conhecidos como canflavina A e canflavina B". Estes flavonoides, seguem os pesquisadores, "são conhecidos por exibirem atividade anti-inflamatória potente em vários modelos de células animais. No entanto, quase nada é conhecido sobre sua biossíntese".

Segundo o comunicado dos cientistas, a descoberta revela um potencial de se criar um tratamento para a dor fitoterápico, que oferece alívio sem o risco de dependência de outros analgésicos.

"Há claramente a necessidade de desenvolver alternativas para o alívio da dor aguda e crônica que vão além dos opioides", disse o professor Tariq Akhtar, do Departamento de Biologia Molecular e Celular, que trabalhou no estudo com o professor Steven Rothstein. "Essas moléculas não são psicoativas e têm como alvo a inflamação na fonte, tornando-as analgésicos ideais".

Esses flavonóides foram identificadas pela primeira vez em 1985. No entanto, pesquisas  posteriores sobre essas moléculas ficaram paradas por décadas, uma vez que a pesquisa sobre a cannabis passou a ser altamente regulada. Com a maconha legalizada no Canadá e pesquisas genômicas bastante avançadas, Akhtar e Rothstein decidiram analisar a cannabis.

Atualmente, pacientes que sofrem de dor crônica geralmente precisam usar opióides, que funcionam bloqueando os receptores de dor do cérebro, mas acarretam o risco de efeitos colaterais e vícios significativos. Segundo os pesquisadores, as canflavinas teriam como alvo a dor com uma abordagem diferente, reduzindo a inflamação.