Johnson & Johnson é condenada a US$ 572 milhões por opioide viciante

Das 70 mil mortes por overdose registradas nos EUA nesse ano, quase 48 mil foram por causa do uso de opioides

Publicada em 27/08/2019

capa
Compartilhe:

Em uma decisão marcante nos Estados Unidos, a multinacional americana Johnson & Johnson foi condenada na última segunda-feira (26) a pagar 572 milhões de dólares por danos ao estado de Oklahoma por seu papel na crise dos opioides.

Está decisão pode afetar os outros quase 2 mil processos apresentados contra fabricantes de opioides pelo país. Porém, o valor ficou abaixo das expectativas de alguns analistas, os quais imaginavam que a multa pudesse chegar a 2 bilhões de dólares.

O juiz Thad Balkman afirmou que os promotores demostraram que a J&J promoveu de forma enganosa o uso de analgésicos legais que são altamente viciantes: "Essas ações comprometeram a saúde e a segurança de milhares de pessoas em Oklahoma".

Além disso, Balkman destacou que o laboratório Janssen (divisão farmacêutica da J&J), adotou práticas de "propaganda enganosa na promoção de opioides", o que levou a uma crise de dependência desses analgésicos, mortes por overdose e um aumento das síndromes de abstinência neonatal neste estado americano.

Os 572 milhões de dólares da multa imposta à empresa J&J deverão ser usados para enfrentar a epidemia pelos próximos 30 anos por meio de programas de tratamento e prevenção.

Ainda na segunda-feira, o novo Relatório Mundial sobre Drogas da Organização das Nações Unidas (ONU), apresentado em Viena, apontou a devastação causada pelos opioides.

De acordo com a organização, a crise de opioides nos Estados Unidos e no Canadá pelo abuso de analgésicos sintéticos, como o Fentanil (50 vezes mais potente do que a heroína), voltou a chamar a atenção dos especialistas da ONU. É estimado que 4% de todos os americanos adultos tenham consumido algum tipo de opioide, pelo menos uma vez, em 2017. Das 70.237 mortes por overdose registradas nos EUA nesse ano, 47.600 foram por causa do uso de opioides, 13% a mais do que em 2016.

"A overdose de droga na América do Norte realmente alcançou dimensões de epidemia", ressaltou a chefe da Seção de Estatísticas e Pesquisas do UNODC e autora do relatório, a italiana Angela Me, que alertou que existem indícios de um aumento no consumo de Fentanil na Europa.

As informações são da Agência Pública da Alemanha