Farmacêutica Hypera planeja estreia em medicamentos de cannabis

A Hypera é uma das grandes do setor farmacêutico no Brasil, oferecendo produtos como Engov, Zero-cal, Doril e, assim que houver um parecer favorável da Anvisa, derivados da Cannabis

Publicada em 02/12/2021

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Curadoria e edição Sechat, com informações de Brazil Journal por Pedro Arbex

A Hypera protocolou nesta última terça-feira na Anvisa, um pedido de registro para um medicamento de cannabis, o primeiro movimento da farmacêutica no mercado que está começando a tomar corpo em países desenvolvidos.

O pedido à Anvisa foi feito por meio da Cosmed, uma subsidiária da Hypera, e não dá muitos detalhes sobre as características do remédio.

Diz apenas tratar-se de um fitoterápico feito de cannabis e com concentração de THC acima de 0,2%.

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O pedido de autorização é significativo porque é uma das raras vezes em que uma farmacêutica tradicional busca adicionar a seu portfólio de produtos um medicamento de cannabis - que costumam ser comercializados por empresas especializadas.

No mundo apenas duas grandes farmacêuticas já fizeram esse movimento: a Novartis, que começou a investir em cannabis medicinal por meio de uma subsidiária do Canadá; e a Jazz Farma, que pagou US$ 7 bi em maio pela GW, uma das principais companhias do mundo nesse setor.

No Brasil, a Prati Donaduzzi também já está investindo na planta: a farmacêutica (que é muito forte na venda de medicamentos para hospitais e para o SUS) já teve dois medicamentos de cannabis aprovados pela Anvisa, que já estão sendo vendidos em farmácias.

Além desses dois medicamentos, a Anvisa aprovou o outro seis remédios e há ainda 50 empresas atuando neste mercado com a importação.

O crescimento do setor tem ocorrido em grande parte por conta de avanços na regulação.

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A pouco tempo, a Anvisa permitia apenas a importação: o paciente pegava a receita com médico e pedia à agência uma autorização para importar o medicamento.

Em dezembro de 2019 as coisas começaram a mudar. A Anvisa aprovou um novo marco regulatório, em caráter transitório, que permite que produtos à base de maconha sejam vendidos diretamente nas farmácias mesmo sem o registro do medicamento (que exige passar por estudos clínicos extensos).

Para isso, esses produtos precisam ser feitos seguindo os mesmos protocolos da indústria farmacêutica, ou seja, produzidos numa fábrica certificada e com os insumos passando por rigorosos controles de qualidade.

O marco vale até 2024, quando a agência definirá as regras definitivas.

O registro feito na terça-feira, 30/11, pela Hypera, se difere dos outros oito medicamentos aprovados pela Anvisa porque a farmacêutica está apostando em um fitoterápico. (Os que foram aprovados até agora são chamados fitofármacos).

O fitoterápico pega a planta, amassa e dilui ela deixando todas as centenas de substâncias que existem na cannabis, inclusive o THC (responsável pelos efeitos psicoativos). Já no fitofármaco, isola-se apenas o CBD, que é misturado para fazer o medicamento.

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“Basicamente, são duas linhas teóricas no estudo da cannabis medicinal,” diz entusiasta do setor. “A primeira acredita que o THC é uma substância perigosa e que deve ser eliminada do remédio. A segunda acha que é justamente a interação entre todas as substâncias da planta - um efeito conhecido como Entourage - que gera os efeitos benéficos”.

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