Equipe de pesquisadores cria bafômetro para detectar maconha

Os métodos atuais de teste de drogas dependem de amostras de sangue, urina ou cabelo e, portanto, não podem ser realizados em campo

Publicada em 15/04/2020

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À medida que a legalização recreativa da maconha se torna mais difundida nos EUA, também se preocupa com o que isso significa para fazer cumprir as leis de DUI (Driving Under the Influence). Ao contrário de um bafômetro usado para detectar álcool, a polícia não possui um dispositivo que possa ser usado em campo para determinar se um motorista está sob a influência da maconha. Novas pesquisas da Universidade de Pittsburgh estão prontas para mudar isso.

Uma equipe interdisciplinar do Departamento de Química e da Escola de Engenharia de Swanson desenvolveu um bafômetro que pode medir a quantidade de tetrahidrocanabinol (THC), o composto psicoativo da maconha, na respiração do usuário. Os métodos atuais de teste de drogas dependem de amostras de sangue, urina ou cabelo e, portanto, não podem ser realizados em campo. Eles também revelam apenas que o usuário inalou recentemente a droga, não que eles estejam atualmente sob influência.

O bafômetro foi desenvolvido usando nanotubos de carbono, pequenos tubos de carbono 100.000 vezes menores que um cabelo humano. A molécula de THC, juntamente com outras moléculas na respiração, se liga à superfície dos nanotubos e altera suas propriedades elétricas. A velocidade na qual as correntes elétricas se recuperam sinaliza se o THC está presente. Os sensores de nanotecnologia podem detectar THC em níveis comparáveis ou melhores que a espectrometria de massa, que é considerado o padrão-ouro para a detecção de THC.

Em entrevista ao site Science Daily, Sean Hwang, um dos principais criadores do projeto diz: "Os nanotubos de carbono semicondutores que estamos usando não estavam disponíveis há alguns anos. Usamos o aprendizado de máquina para 'ensinar' o bafômetro a reconhecer a presença de THC com base no tempo de recuperação das correntes elétricas, mesmo quando existem outras substâncias, como o álcool, presentes na respiração”.

Hwang trabalha no Star Lab, liderado por Alexander Star, professor de química com um compromisso secundário em bioengenharia. O grupo fez uma parceria com Ervin Sejdic, professor associado de engenharia elétrica e de computadores na Swanson School of Engineering, para desenvolver o protótipo.

"Criar um protótipo que funcionasse em campo foi um passo crucial para tornar essa tecnologia aplicável", diz o Dr. Sejdic. "Foi preciso uma equipe interdisciplinar para transformar essa ideia em um dispositivo utilizável que é vital para manter as estradas seguras."

O protótipo é semelhante a um bafômetro para álcool, com uma caixa de plástico, bocal protuberante e display digital. Foi testado em laboratório e demonstrou ser capaz de detectar o THC em uma amostra de respiração que também continha componentes como dióxido de carbono, água, etanol, metanol e acetona. Os pesquisadores continuarão testando o protótipo, mas esperam que em breve ele vá para a fabricação e esteja disponível para uso.