
À medida que a Argentina avança para o segundo turno de suas eleições de 2023, os olhos se voltam para o futuro da regulamentação da cannabis no país sul-americano. Sob a sombra de uma crise econômica e social, os argentinos enfrentam uma decisão que terá um impacto profundo na política de drogas e na indústria emergente da cannabis.
Pablo Fazio, presidente da Câmara Argentina de Cannabis (Argencann) e colunista Sechat, expressa a inquietação generalizada em relação aos resultados eleitorais e à influência que os candidatos eleitos podem exercer sobre as políticas relacionadas à cannabis.

“O futuro da regulamentação da cannabis na Argentina dependerá em grande parte dos resultados eleitorais e dos candidatos eleitos. É aqui que surgem as preocupações”, diz Fazio.
Ele explica que o candidato oficial, Sergio Massa, localizado no centro e com uma visão mais progressista, tem a possibilidade de dar continuidade às políticas atuais. A sua abordagem teria como objetivo reforçar a regulamentação e garantir a implementação efetiva das leis existentes, o que permitiria avançar no sentido de uma política de drogas.
Por outro lado, o candidato da oposição, Javier Milei, claramente mais à direita e com uma visão profundamente conservadora, poderá colocar desafios significativos à regulamentação da cannabis.
“É plausível que a sua abordagem seja mais restritiva e que procure reverter ou limitar os progressos alcançados nos últimos anos. Isso poderia gerar uma situação de incerteza e retrocesso no desenvolvimento da indústria”, explica Fazio.
Regulamentação da cannabis na Argentina
Nos últimos anos, a Argentina fez progressos notáveis na regulamentação da cannabis. A Lei 27.669 abriu caminho para o acesso à cannabis medicinal, o cultivo terapêutico e a criação da Agência Nacional da Cannabis, marcando um ponto de viragem nas políticas de drogas do país. No entanto, a continuidade dessas políticas agora está em questão, à medida que o cenário eleitoral se desenha.
Aliado a isso tudo, a escolha dos eleitores argentinos se torna ainda mais desafiadora, pois a nação enfrenta uma crise econômica de grandes proporções.
“Em suma, as preocupações e receios estão principalmente relacionados com a estabilidade e continuidade das políticas atuais. A incerteza em torno do resultado das eleições e de qual será a abordagem política em relação à cannabis coloca desafios aos intervenientes da indústria. A capacidade de continuar avançando pode estar em jogo”, finaliza Fazio.
Quem são os candidatos à presidência na Argentina?
Os candidatos em disputa representam visões políticas distintas, o que gera incertezas e preocupações para os envolvidos na indústria da cannabis no país. O resultado eleitoral determinará se a Argentina avançará ou enfrentará retrocessos nesse importante aspecto da política de drogas.
Em meio a uma profunda crise econômica e social no país, o segundo turno das eleições de 2023 na Argentina se caracteriza pela postura política de dois candidatos:
> Javier Milei: Conservador com visões ultraliberais que lidera as pesquisas com 50,7% das intenções de votos, segundo pesquisa. Sua abordagem polêmica e incerta gera preocupações.
> Sergio Massa: Aliado ao atual governante Alberto Fernandéz, Massa aparece nas pesquisas com 49,3%. Peronista com vasta experiência, tenta associar Milei ao caos econômico.

Milei, é conhecido como um outsider que emergiu da televisão e conquistou destaque com discursos polêmicos, embora alguns questionem a veracidade de suas afirmações. Sua popularidade cresce à medida que o desespero da população, temerosa de uma crise pior do que a de 2001, impulsiona uma mentalidade de “tudo ou nada”. No entanto, muitos reconhecem que a incerteza é um fator predominante.
Enquanto isso, Sergio Massa, ex-ministro da Economia do governo de Alberto Fernandéz, emerge como alternativa em um cenário eleitoral incerto, onde o futuro da Argentina está em jogo como nunca desde o retorno à democracia em 1983. As eleições determinarão não apenas o futuro da regulamentação da cannabis, mas também o rumo do país em um momento crítico de sua história.