Dor crônica e cannabis

Segundo pesquisa, 80% da população sofre com algum tipo de dor, mas como a cannabis pode ajudar?

Publicada em 09/12/2022

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Por Redação Sechat

A dor aguda é aquela que surge repentinamente e não incomoda por muito tempo.  Geralmente, essa dor alerta  sobre alguma lesão ou disfunção no organismo, como contusões, cólicas intestinais e queimaduras na pele.

Já a dor crônica pode durar e se repetir  por meses ou anos .  O sintoma  crônico é diagnosticado, normalmente, com  três meses , mesmo que o paciente já tenha  sido submetido ao tratamento e, em alguns casos, a dor tenha desaparecido.  As dores crônicas podem atingir pessoas de todas as idades. As principais causas  são: problemas lombares, câncer, herpes-zoster, diabetes, cefaléia, enxaqueca, fibromialgia, osteoartrite e lesões musculares.

A primeira definição de dor crônica recomendada pelo Subcomitê de Taxonomia e aceita pelo Conselho da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) caracteriza a patologia como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão”. Esta definição foi aceita por órgãos governamentais e não-governamentais, bem como pela Organização Mundial de Saúde e por profissionais da área.

Também de acordo com o IASP, aproximadamente 80% da população mundial sofre com algum tipo de dor e 30% sentem seus efeitos de forma crônica. Quando se sofre com a dor crônica, o sistema nervoso recebe um sinal fixo de dor do corpo, que pode durar anos. A dor, às vezes, afeta os hábitos de vida diários das pessoas. Ela também pode causar insônia ou má qualidade do sono, irritabilidade, depressão, alterações de humor, ansiedade, fadiga e perda de interesse pelas atividades rotineiras diárias. Como a psicologia e a fisiologia estão conectadas, o tratamento da dor crônica inclui, em muitos casos, a administração de canabinoides como THC e CBD.

A cannabis no tratamento para dor crônica

Os opiáceos são drogas comuns no tratamento de dores. No entanto, a substância provoca forte dependência química e física, além de agredir o fígado. Por outro lado, a maconha medicinal pode trazer os mesmos efeitos analgésicos, sem causar danos nem dependência. 

Em julho de 2019, um grupo de cientistas da Universidade de Guelph (Canadá) realizou um estudo para identificar as moléculas da cannabis que pudessem ajudar a combater a dor. No estudo, publicado pela revista Phytochemistry, os pesquisadores explicam como usaram uma combinação genômica e bioquímica para descobrir de que forma a planta produz canflavina A e canflavina B, duas moléculas que são 30 vezes melhores para combater uma inflamação do que a aspirina.

Já o estudo brasileiro “Uso de canabinoides na dor crônica e em cuidados paliativos”, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicado na Revista Brasileira de Anestesiologia em 2008, mostrou que o THC puro e respectivos análogos apresentam aplicabilidade clínica, o que demonstra os benefícios contra diversos tipos de dor, inclusive a neuropática. O desenvolvimento das substâncias sintéticas puras, buscando a atenuação de efeitos psicoativos indesejáveis aponta para perspectivas favoráveis no futuro.

Revisão dos estudos existentes

De fato, a dor é tida como uma das patologias com mais estudos. Conforme uma revisão sistemática chamada “Cannabis sativa – Uso de fitocanabinoides para o tratamento da Dor Crônica”, extraída de artigos de bancos de dados como SciELO, PubMed, Lilacs e Google Acadêmico sobre dor crônica, revela que, entre os 54 estudos encontrados, 22 foram utilizados como referência após seleção de dados importantes sobre o tema. A maioria sugere eficácia na redução da dor e da alodinia (dor induzida por estímulos que geralmente não causam desconforto. 

Além de demonstrar alta tolerabilidade e efeitos adversos considerados de leves a moderados, que não prejudicam significativamente as atividades do cotidiano. Ou seja, a modulação do CBD sobre o THC reduz significativamente as dores crônicas, segundo as pesquisas.