Epilepsia

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Epilepsia, ou crise convulsiva, é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Ela acontece devido a atividades anormais das células cerebrais, o que muitas vezes ocorre por traumas, como acidente vascular cerebral isquêmico, neoplasias, idiopáticos e pós-operatórios.

 

Os sintomas

Os sintomas variam entre contrações descontroladas e involuntárias dos músculos do corpo, rigidez especialmente dos braços, pernas e tórax, salivamento excessivo, dificuldade de respirar, entre outros. Durante alguns segundos ou minutos, parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou se espalhar. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.

Em crises de ausência, a pessoa apenas apresenta-se “desligada” por alguns instantes, podendo retomar o que estava fazendo em seguida. Em crises parciais simples, o paciente experimenta sensações estranhas, como distorções de percepção ou movimentos descontrolados de uma parte do corpo. Pode sentir um medo repentino, um desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente. Se, além disso, perder a consciência, a crise será chamada de parcial complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Em crises tônico-clônicas, o paciente primeiro perde a consciência e cai, ficando com o corpo rígido; depois, as extremidades do corpo tremem e contraem-se. Existem, ainda, vários outros tipos de crises. Quando elas duram mais de 30 minutos sem que a pessoa recupere a consciência, são perigosas, podendo prejudicar as funções cerebrais.

Muitas vezes, a causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça, recentemente ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia.

 

Uso do canabidiol para tratamento de epilepsia

Existem diversas evidências a respeito dos potencial terapêutico dos dois compostos majoritários presentes nas plantas do gênero Cannabis – canabidiol e Δ-9-tetraidrocanabinol – especialmente em relação à sua relevância clínica no tratamento da epilepsia. Extratos padronizados com alto teor de canabidiol tem se mostrado eficaz na redução da frequência e a severidade das convulsões, particularmente em crianças com tipos raros de epilepsia que são refratárias aos fármacos convencionais. Essas evidências têm motivado a regulamentação do uso clínico de extratos padronizados contendo canabidiol para tratamento de casos graves de epilepsia no Brasil.

Entre as inúmeras evidências encontradas a respeito do tratamento com cannabis para epilepsia, uma que se destaca é um estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), de 1980, conduzido pelo Professor Elisaldo Carlini. A pesquisa destacou os benefícios do CBD contra convulsões, primeiro em testes com camundongos e depois em ensaios com seres humanos adultos. Durante quatro meses, oito pacientes portadores da doença receberam doses diárias de 300 mg de canabidiol. Os resultados foram animadores: entre os pesquisados, quatro não apresentaram mais crises convulsivas, três obtiveram melhora parcial dos sintomas, enquanto apenas um, não demonstrou melhora clínica.

 

Revisão dos estudos existentes

Pesquisa realizada pelo Departamento de Ciências do Cérebro, do Imperial College London e publicada na revista científica, BMJ Paediatrics Open, demonstrou os efeitos da cannabis em pacientes que tinham alguma disfunção epiléptica. O estudo foi feito com 10 crianças com diagnóstico de epilepsia grave, com idades entre 1 e 13 anos. Cada uma delas tomou, em média, 5,15 mg de THC e 171,8 mg de CBD por dia. Os resultados foram coletados por telefone ou videoconferência entre janeiro e maio de 2021. Dessa forma, os pais dos menores de idade relataram aos pesquisadores a experiência destes pacientes.

O grupo de pesquisadores reconhece que o experimento envolveu um pequeno número de participantes e que são necessários mais estudos sobre o tema, porém, as crianças participantes utilizavam, em média, sete medicamentos no tratamento da epilepsia e, depois de começarem a tomar o extrato da cannabis feito com a planta inteira, isto é, com a presença de todos os canabinoides, a média geral caiu para apenas um medicamento e sete delas pararam de usar qualquer outro produto que não fosse o extrato. Além disso, os pais e responsáveis relataram melhoras significativas na saúde e no bem-estar dos filhos, inclusive melhora do sono, da alimentação, do comportamento e da cognição, depois que começaram a tomar o extrato de cannabis.

 

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