Dia da Mulher: empresárias poderosas contam como é atuar na área da Cannabis

Em celebração ao dia 8 de Março, o Sechat conta uma série de histórias de mulheres que atuam na causa canábica

Publicada em 06/03/2020

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Por Caroline Apple e Izabela Canário*

Para comemorar o Dia Internacionalda Mulher, o Sechat preparou uma série de matérias especiais para contar umpouco da trajetória das mulheres que estão ajudando a revolucionar a históriada Cannabis no Brasil.

Na primeira matéria doespecial, contamos a história de mulheres que estão à frente das associações depacientes, cultivo e promoção do uso da Cannabis, que trouxeram um relatosincero de como é ser mulher dentro do universo canábico e como lidam com opreconceito e o machismo presentes também nessa área.

Agora, é a hora de contar ajornada das mulheres que estão à frente de grandes empresas ligadas ao universoda Cannabis. Mulheres de negócios, como CEOs, presidentas, vice-presidentas,coordenadoras entre outros cargos de destaque.

Confira essas histórias:

Viviane Sedola – CEO & Founder da Dr. Cannabis

Foto: Arquivo Pessoal

“Estou no mercado digital há 10 anos e fui Relações Públicas. Quando entendi que o desafio em torno da Cannabis era de comunicação e informação, mas não científico, senti que poderia contribuir muito com este movimento e lancei a Dr. Cannabis.

Nosso jargão é: A informação éo melhor remédio. Entendemos que conteúdo e orientação de qualidade são oprimeiro passo para dar acesso à terapia com Cannabis.

Eu não diria que o mercado de Cannabisé mais machista do que o mercado como um todo. Eu acho lindo as mulheres teremmais protagonismo em um mercado que gira em torno de uma planta fêmea. Asqualidades e efeitos que a planta gera em nosso corpo são, arquetipicamente,femininas: calma, conforto, atenuação de dores e etc.

Espero que a mulher sedestaque cada vez mais na indústria e venho trabalhando com as minhas colegasneste sentido.

Camila Teixeira – CEO & Founder da Indeov

Foto: Arquivo pessoal

“Mulheres sofrem preconceito diariamente, o preconceitodentro do mercado de Cannabis é só mais um aspecto dessa cultura que lutamosdiariamente para mudar.

Por muito tempo as únicas vozes que ouvíamos ao falar denegócios eram masculinas, mas hoje em dia esse cenário se desenha de uma formatotalmente diferente. O mercado de Cannabis no Brasil tem mulheres em cargos deliderança e tem atraído cada vez mais talentos femininos para asoperações. 

Porém, tenho algumas amigas empresárias no setor nos EUAque dizem sentir os efeitos na prática com a maior presença de homens no setor,como dificuldade de captação de investimento, obtenção de empréstimo, forçapolítica e até redução em vendas.

Sempre brinco que a natureza não falha: as plantas commaior potencial terapêutico são femininas! Sempre considerei as mãesbrasileiras como as responsáveis pela abertura do setor no Brasil.

Quanto mais desafios, mais nos fortalecemos e mais alcançamosnossos objetivos. É justamente pelas barreiras que encontramos que ganhamosmais força para conseguirmos avançar com sucesso nessa batalha (seja naperspectiva regulatória, pelos "nãos" dos profissionais que poderiamajudar tantos pacientes (médicos), pelos tantos "nãos" que aindarecebemos do que pode e do que não pode ser feito.

Acredito tanto no destaque da mulher nesta área que 90% daequipe Indeov é composta por mulheres.

O mundo está em transformação e somos inegavelmente umaforça motriz dessa movimentação. A Cannabis, como mercado que desponta para ofuturo, não será diferente. De um modo geral, mulheres cuidam mais de sua saúdee são mais conscientes da saúde de seus familiares.

Vejo mães e cuidadoras que fazem tudo que podem para levarconforto para quem precisa e ainda conseguem viver suas vidas profissionais.Com maior acesso à informação, não tenho dúvida que veremos cada vez maismulheres empreendendo no ecossistema de Cannabis brasileiro. Porém, é precisounião entre as mulheres nessa área.”

Vanessa de Araújo Martins – Coordenadora Nacional  do Clube de Cannabusiness

Foto: Caroline Apple/Sechat

“Vejo que há um engajamento especial e sensibilizado porparte de nós mulheres, pelo fato de percebemos o sofrimento alheio ao nossoredor, nos mobilizando na busca para amenizar essa dor. Ser testemunhaparticipante desse momento épico de desenvolvimento do ecossistema canábico noBrasil é fantástico e me enche de orgulho.

Quando analisamos a história da origem da Cannabismedicinal no Brasil e no mundo, conseguimos enxergar a importância das mulheresno cenário central.

Essa história começou com mães que queriam manter seus filhose parentes vivos e traçaram uma luta árdua com as conquistas a passos lentos emorosos, vendo muitas vezes seus filhos ou familiares morrendo por falta deacesso ao único meio de alívio.

Geralmente, o comportamento das mulheres é de proteção e,por isso, são mais atentas aos cuidados com sua própria saúde e de sua família.Posso falar por mim, que sempre procuro e estudo o melhor tratamento para quemamo. E a Cannabis é uma opção terapêutica interessante, porque tem resultadosexpressivos.”

Cristiana Prestes Taddeo – CEO da Hempcare

Foto: Arquivo pessoal

Sou paciente e uso o extrato há quase 20 anos. Atuo àfrente da Fundação Behemp há 17 anos e também desenvolvo medicamentos,cosméticos e alimentos na Hempcare, aqui e fora do Brasil, onde é permitidoatuar.

A mulher sofre preconceito 24 horas, mas no mercado deCannabis aqui no Brasil pelo menos, sinto todos os homens muito respeitosos,envolvidos e felizes em com as participações femininas no mercado.

Mas faço reuniões com dez, onze homens. Quando chega umamulher muda tudo, temos forças juntas.

Acredito que a mulher tem se destacado porque a mulher sejamais sensível ao ponto de entender e trabalhar a Cannabis como um tratamentopara dezenas de doenças. Independente do uso terapêutico ou social, ela trata otempo todo se usada com moderação e responsabilidade. 

Espero que a mulher continue se destacando. Aqui no meu escritório, por exemplo, as mulheres são a maioria.”

Caroline Heinz - Vice-presidenta da HempMeds

Foto: Divulgação

"Nos Estados Unidos e em outros países, o número de mulheres trabalhando nessa indústria é muito grande, comparando com outras indústrias que têm cargos executivos dominados, majoritariamente, por homens.

A Colômbia tem um exemplo interessante: alguns produtores de Cannabis no país incentivam mulheres de comunidades locais, especialmente mães, a trabalhar nas plantações e na extração do óleo rico em CBD, para incentivar a geração de emprego.

Acredito que as mulheres estão se destacando cada vez mais na indústria da
Cannabis, embora, em geral, os cargos executivos ainda são dominados por homens. Mas já existem bons exemplos.

Eu sou uma mulher executiva no grupo Medical Marijuana Inc, do qual a HempMeds Brasil faz parte. E tenho orgulho de dizer que o
time da HempMeds Brasil é formado, majoritariamente, por mulheres.

Não identifico preconceito, especialmente porque, no Brasil, a história da Cannabis medicinal esteve diretamente atrelada à luta das mães em busca de tratamento para seus filhos. Em 2014, todo o país assistiu na imprensa como mães de crianças epilépticas - como Katielle Fisher, Margarete Brito e Camila Guedes - brigaram na Justiça pelo direito de importar óleo rico em canabidiol (CBD).

Além disso, a planta Cannabis também é feminina. O preconceito às mulheres não tem espaço nesse mercado."

*Estagiária com supervisão