Consequências da proibição do uso da cannabis na medicina

Podcast: primeira parte do episódio ouviu uma professora aposentada por invalidez por causa das dores crônicas que sente e mostra como o canabidiol mudou seu quadro clínico

Publicada em 02/01/2023

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Por redação Sechat

A história da professora Chris Guimarães comove e reforça a discussão sobre a importância do uso do canabidiol no tratamento de doenças que causam dores, ansiedade e depressão. Após ser aposentada por invalidez em 2018, a professora, de 52 anos, conta que o medicamento à base de canabis foi o que ajudou a aliviar as fortes dores causadas pela fibromialgia, doença reumatológica que causa dor muscular generalizada em todo o corpo, 24 horas por dia. Com o quadro clínico bastante debilidade e uma rotina desgastante de sessões de fisioterapia e consultas com uma equipe multidisciplinar, ela revelou que o uso do canabidiol foi último recurso utilizado para tentar encontrar a cura para as dores que começaram em 2015.

Durante entrevista do podcast da Defensoria Pública da Bahia, o episódio nº 15 do Levante 129, Chris Guimarães contou como os problemas começaram. Em 2015, conforme o seu relato, passou a ter crises de dor na coluna cervical. Na época, ela procurou um médico especialista em dor. O profissional optou pelo tratamento conservador.

Como o problema persistiu, em 2016, a professora foi afastada das funções. Ficar longe da sala de aula por causa da incapacidade gerada pelas dores gerou outro problema, ansiedade e depressão. Para tentar solucionar o problema, optou pela cirurgia para aliviar uma compressão muito forte na medula.

O mau funcionamento do sistema nervosos, forçou Chris a enfrentar a árdua missão de melhorar a qualidade de vida com o apoio de uma equipe multidisciplinar forma por médicos, enfermeiros, fisioterapeuta, preparador físico, acupunturista, por exemplo. Mesmo assim, os tratamentos não apresentavam o resultado esperado. Foi então que o medicamento à base de canabidiol surgiu como último recurso e trouxe resultados satisfatórios.

“Eu não poderia ficar sem um suporte para a dor. E ainda tinham as questões da ansiedade e depressão. Tinha que ser um medicamento que comungasse com todo o meu tratamento, aí o canabidiol entrou”, contou.

De acordo com a paciente, o médico especialista em coluna cogitava outra cirurgia "para anular a inervação e a implantação de um chip que eu espero em Deus nunca precisar”, finalizou após contar com satisfação sobre a melhora que teve com o uso do medicamento à base da planta.    

O NÃO AO PACIENTE

Ouvir o “não” para a prescrição de um medicamento que pode auxiliar no tratamento de doenças é frustrante para pacientes que sofrem de Alzheimer, epilepsia, dores crônicas, câncer, depressão, por exemplo. Muitos pacientes que conseguem ter alívio e resultado positivos no tratamento de doenças se sentiram assim, após, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibir a prescrição de medicamentos à base de canabidiol ou derivados da Cannabis sativa (CBD) em outubro.

No entanto, a decisão não teve repercussão positiva, já que a substância se mostrou eficiente no tratamento de diversas doenças e proporcionar mais qualidade de vida. Médicos especialistas em prescrição de cannabis classificaram a decisão como arbitrária e retrógada. 

De acordo com um levantamento feito pela Rede Jurídica pela Reforma da Política de Droga, até junho de 2022, havia menos de 200 ações obrigado o Estado a custear a compra de medicamentos à base da planta para pacientes e 400 decisões autorizando pessoas ou associações a fazer o plantio da cannabis para fins terapêuticos.