Por Sofia Missiato

Na última terça feira, dia 26 de julho, chegou ao Paraguai o debate sobre a legalização da cannabis no Congresso Nacional do país. O objetivo é iniciar a elaboração de uma lei que regule o cultivo de cannabis por famílias camponesas.

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As movimentações feitas pelos líderes do Movimento de Resistência Camponesa realizadas pelos agricultores do país, reivindicam o direito de cultivar cannabis medicinal para fazer óleos e remédios das plantas para pacientes necessitados. Hoje, o governo paraguaio só permite a importação e a produção de poucas empresas que fabricam óleos de cannabis a preços inacessíveis para a maioria da população.

A cannabis no Paraguai é ilegal, mas o país é um dos maiores produtores mundiais do cânhamo, espécie da planta com menos de 0,3% de THC. A posse de 10 gramas de maconha, ou menos, foi descriminalizada em 1988. O país é o segundo maior produtor de cannabis da América Latina, depois do México. Pelo menos 20 mil pessoas trabalham clandestinamente no Paraguai para abastecer toda região incluindo Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. O tráfico ilegal de maconha gera cerca de 700 milhões de dólares por ano.

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Em 2 de dezembro de 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU) retirou a cannabis da lista de substâncias perigosas. A classificação foi considerada um marco, já que a última revisão pelo órgão havia sido em 1961. Apesar de cada país poder administrar as leis como quiserem, a retirada da cannabis da lista é uma forma de reconhecer que a maconha tem uso médico, facilitando o acesso ao remédio e a pesquisa. As soluções políticas atuais no Paraguai ainda estão muito atreladas a um certo tabu e cultura proibitiva. A repressão como política de Estado nunca funcionou para compreender os principais anseios da sociedade latino-americana.