Como o vira-lata Chocolate ''renasceu'' com a cannabis

A aposentada Cristina usa alimentação natural e cannabis para tratar seu cão, que por muito tempo não podia se levantar da cama

Publicada em 08/11/2022

capa
Compartilhe:

Por Sofia Missiato

Cristina é aposentada e há oito anos adotou Chocolate, um labrador mestiço. Ela é residente na cidade da Argentina, Hurlingham, situada na área metropolitana da Grande Buenos Aires.

Chocolate em seu Lar
(Imagem: Arquivo Pessoal/ Cristina)

Quando encontrou o animalzinho, agora seu pet e apelidado carinhosamente de Chokito, ele estava na rua, com sinais de maus tratos e com a saúde muito debilitada. “Na época me disseram que ele era adulto, mas não souberam me dizer sua idade - estimamos que ele tenha atualmente entre 12 e 14 anos’’.

O cão estava anêmico e com parasitose, mas Cristina resolveu agarrar o problema para si, já que se identificou com o animal. Com o tempo, Chokito se recuperou, ganhou peso e já era considerado um membro da família, como outros pets que também habitam a casa.

No ano passado, em 2021, Chocolate foi castrado e, somado à falta de exercícios, já que as caminhadas com o andador foram suspensas devido à quarentena, começou a engordar, excessivamente. O cão sempre apresentou um biotipo magro e a combinação de alguns fatores como ganho de peso, falta de exercícios e aumento da idade fez com que ele começasse a sentir dores ao simples levantar e andar.

Chocolate com suporte em suas patas para sentir menos dor ao caminhar (Imagem: Arquivo Pessoal/ Cristina)

Logo, a conselho do veterinário da família, Chocolate começou a tomar fortes anti-inflamatórios. Cristina se deu conta que a longo prazo esses medicamentos não eram ideais para uma vida saudável, então investiu em outro tratamento, com Artrin por 3 meses e depois Condrovet por 40 dias, remédios que também tinham funções anti-inflamatórias;

Entretanto, o médico veterinário queria suspender o tratamento, alegando que aquela não  era uma terapia vitalícia e o animal teria que fazer o desmame. Cristina entrou em desespero, ela dormia e acordava com os cachorros - Cristina tem mais de um - e Chocolate era o único a se isolar pois não conseguia brincar. O veterinário parecia não entender que Chokito estava em crise de forma permanente. "Ele não conseguia levantar da cama e o choro de dor era contínuo”.

Prática veterinária com Cannabis

Desiludida com os medicamentos e com a falta de resposta para a dor do cão, Cristina perguntou para o veterinário sobre métodos alternativos de tratamento. Descobriu por meio de pesquisas, relatos de bons resultados na utilização do óleo de cannabis, para a  reabilitação de cavalos.

Mas tal alternativa não era uma opção para o médico que ainda estava iniciando seus estudos com cannabis.

“Chokito não podia esperar… Verifiquei com os veterinários da minha região e não encontrei uma resposta favorável, não sei se por desconhecimento, desinteresse ou outro motivo. A resolução do meu problema chegou por uma amiga, que trabalha em um centro veterinário e confirmou  a existência da terapia canábica’’.

A veterinária Dra. Valentina Fiora que iniciou a terapia canábica em Chocolate (Imagem: Arquivo Pessoal/ Cristina)

O conhecimento da Cristina sobre a existência do óleo de cannabis ocorreu há alguns anos. Sua irmã mais velha foi diagnosticada em 2001 com Esclerose Múltipla e, naquela época, o neurologista que estava responsável pelo caso, conversou a respeito da cannabis medicinal. Na época, a  Argentina estava em fase de experimentos com a cannabis medicinal e a família de Cristina optou por não usá-lo. 

‘’Talvez por preconceitos ou ainda por falta de acesso a um fornecedor sério e confiável, mas foi um tema que sempre tive em mente’’, completa. 

Posteriormente, depois de algumas buscas nas redes sociais, Cristina tomou conhecimento de um grupo de veterinários de cannabis na província de Córdoba. Conheceu a Dra. Valentina Fiora, que trabalha com a Terapia Neural em cães e que a colocou em contato com o Dr. Andres Gagliardis.

‘’A Dra. Fiora já realizou duas sessões de Terapia Neural com o Chocolate e o Dr. Gagliardis estava ajustando a dose do óleo de acordo com os comentários e vídeos que disponibilizamos. Um mês depois de iniciar o tratamento a qualidade de vida de Chocolate melhorou muito. A dor o deixou imobilizado e muito triste. Agora ele está melhor e pode se mover livremente, parece feliz e ansioso para brincar com seus irmãos. Como família, estamos muito satisfeitos e felizes com o tratamento que está sendo prestado. Não tive e não tenho nenhum tipo de preconceito em relação ao óleo de cannabis e percebi, falando sobre esse tema com familiares, amigos e conhecidos que muitas pessoas o consomem para diferentes patologias, mas é como se falassem em voz baixa, obviamente o preconceito existe”.

Chocolate feliz e sem dores ao caminhar (Imagem: Arquivo Pessoal/ Cristina)