O neurocientista Dr. Fabricio Pamplona é um farmacologista de canabinoides que acompanha de perto, tanto a pesquisa, quanto os movimentos políticos sobre a Cannabis medicinal no Brasil. O pesquisador catarinense trabalhou no desenvolvimento da Entourage Phytolab e hoje é do conselheiro do CNPq, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Voz importante no cenário da maconha medicinal no Brasil, Pamplona avalia como um avanço “coerente” as votações da Anvisa desta terça-feira (03), dia em que foi aprovada a regulamentação do registro e monitoramento de medicamentos à base da planta, porém que foi arquivada a proposta de plantio com fins medicinais e pesquisa no Brasil.
“É um avanço importante para o país. É que claro tem suas restrições, não agrada todo mundo. O aspecto de não ter saído o cultivo é um restrição, sim, mas é um dia muito importante para o país. É um passo que não foi tímido, não restringe a composição dos produtos. Muita gente tinha receio de que só fosse aprovado produtos à base de canabidiol, o que não faria muito sentido, já que temos o Mevatyl registrado no país.
Para o neurocientista, a Anvisa mostrou capacidade de articulação com o tema:
“O fato de terem proposto um novo texto e ele ter sido aprovado por unanimidade demonstra a capacidade de articulação, de entendimento das necessidades e conversas entre os diretores da Anvisa”.
“Favorece os grandes players”
Apesar de elogiar a articulação e o texto aprovado pela agência, Pamplona critica o caráter “big pharma” da proposta.
“É um modelo que favorece os grandes players, a importação de insumo e a produção industrial por grandes farmacêuticas. Nada diferente do que já é o mercado farmacêutico tradicional, embora a criação de uma classe distinta de produtos à base de cannabis foi a medida mais certeira, porque permite regulamentar de maneira específica como esse tipo de produto exige”.
“Por fim, é um registro que não está atrelado a uma indicação terapêutica. Portanto, vai se restringir à qualidade farmacêutica dos produtos, muito semelhante ao que Portugal e o Canadá definiram. E o uso terapêutico desses produtos vai ficar à descrição de médico e paciente, sob a proteção de um termo de responsabilidade”.
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A proposta de regulamentação da Anvisa é limitada. Exclui medicamentos com THC, componente necessário para o tratamento de algumas doenças. Exclui também as cooperativas, que tem propiciado acesso aos medicamentos. Vai encarecer o acesso aos medicamentos e sobrecarregar o SUS.
— Paulo Teixeira (@pauloteixeira13) December 3, 2019
Estou saindo da reunião da CCJ e recebi a informação de que a Anvisa está votando liberar plantação de maconha no Brasil. Não sei se procede, mas, se for verdade, é um absurdo! Como isso está ocorrendo assim, sem discussão!?! Alguém aí em Brasília, por favor, apure isso!
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) December 3, 2019
Atualização do post anterior: Anvisa veta o cultivo de cannabis para fins medicinais. Ganhou a turma obscurantista, a indústria farmacêutica e seus representantes na classe médica mais conservadora. Perdem a batalha os pacientes e suas associações, mas outras virão, avante!
— Ilona Szabó (@IlonaSzaboC) December 3, 2019
Milhões de pacientes necessitam de tratamento com medicamentos à base de cannabis, mas não conseguem. A decisão da Anvisa é importante, mas é preciso avançar autorizando o plantio controlado para a pesquisa e desenvolvimento dos remédios no Brasil. É uma questão de saúde pública.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) December 3, 2019