As associações são um patrimônio social do País e, como tal, já não cabe mais autorização e sim reconhecimento e fomento!

Para Pedro Sabaciauskis, as associações de pacientes fazem o que governo federal deveria fazer: fornecer tratamento à quem precisa. E é este cenário da saúde nacional que ele aborda em coluna.

Publicada em 24/02/2022

capa
Compartilhe:

Por Pedro Sabaciauskis

Meus caros e queridíssimos leitores, hoje, venho falar de algo com a maior intimidade, pois estou mergulhado neste mundo verde e acelerado que me engoliu com uma missão, em que deixei de ser dono da minha própria vida. Foram três anos que me mudaram como se fossem uns dez. Mudei completamente, não só como ser humano, mas como profissional, pois estou tendo a oportunidade de aprender, aos 45 anos, coisas que nunca imaginei que aprenderia, como agronomia, biologia, química, farmácia, medicina, marketing e jornalismo, sociologia, política, empreendedorismo, economia, diplomacia… E ter muito mais fé e amor ao próximo, além de aprender que sozinho a gente não faz nada e que não podemos esperar a boa vontade de quem não tem.

Só por isso já valeu a pena, mas a real é nua e crua:

Enquanto o Brasil finge que a cannabis é proibida, ela está liberada a muito tempo, aliás nunca esteve proibida de fato. O modelo nacional não atende o interesse da população e, enquanto os burocratas e políticos debatem sobre como fazer, as associações garantem o fornecimento para quem precisa na vida real.

As associações são a ponta da linha pra gente tecer esse tecido de cânhamo, cannabis ou maconha como você preferir. Pois, hoje, esse é o modelo validado, que está funcionando e garantindo tratamento pra muita gente. E o modelo é bom, só precisa de ajustes, que podem muito bem vir por financiamentos públicos e privados e serem modelos “baratos”, ou, pelo menos, financiamentos possíveis, que se pagam e que tenham o mínimo de segurança sanitária. 

Mas por que seguir esse modelo de reconhecimento e fomento? Vários motivos…

1.  Primeiro trata-se de reconhecimento aos excelentes serviços prestados aos cidadãos necessitados, que estavam à margem da sociedade, implorando por ajuda que o governo nunca garantiu. Toda hora aparece na associação uma mãe que ganhou o direito de fornecimento na justiça e o estado não entrega. Temos prova da incompetência do sistema. Fora outros tantos que não conseguem nem chegar no posto de saúde 

2. As associações são geradoras de benefícios imensuráveis no meio social de pequenas e grandes cidades. Quando a gente resolve o problema de um associado, resolve de uma família inteira

3. Porque somos detentores dos dados de cannabis medicinal nacional, só quem está na vida real sabe a profundidade desses dados e a dor que eles trazem.

4. Somos o ponto de apoio para dezenas de profissionais que são impedidos de estudar, trabalhar, gerar pesquisa, tecnologia, etc… E só através da gente conseguem estudar miseravelmente, correndo risco e tirando dinheiro do próprio bolso pra não ficar tão pra trás no mercado, que está a milhão.

5.  Por termos capilaridade e regionalidade revelando o raio X do cenário nacional.

6. Porque geramos  emprego e renda em um ciclo que vai da semente ao paciente e remando contra marés, contra chuvas e tempestades. Imagina com incentivos o que  podemos fazer!?!?

7. E principalmente por se tratar de um remédio e, só por isso, já devíamos defender a soberania nacional. E se tornou commodity e quem estiver fora do jogo vai financiar o mercado nacional. Cadê a defesa do interesse nacional “otôridades”?

Pô, mas tu tá sendo radical… tô não, peraí. 

Acho que tem que ter abertura internacional e essa pode inclusive ajudar, com tecnologia, ciência e dinheiro, claro. Mas sempre incluindo as associações na jogada, pois não podemos rifar o nosso mercado, sendo que temos uma rede valiosa para ser aproveitada com pontos de conexão com todo o mercado, gerando sinapses como prestação de serviço, pesquisas, desenvolvimento genético, logística, desenvolvimento de novos produtos, recursos humanos, estudos sociais e científicos.

Com boa vontade, reconhecimento, humanidade e uma pitada de dinheiro podemos lapidar os diamantes brutos que são as associações. Ops… melhor, podemos trimar - ato de tirar as flores das folhas, antes delas virarem extrato - esse top bud da jabuticannabica brasileira!

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e de responsabilidade de seus autores.

Sobre o autor:

Pedro Sabaciauskis é empresário, ativista da cannabis medicinal e presidente da Santa Cannabis.