Aos poucos, a cannabis elege representantes para amplificar no Congresso seus atributos e potencial de mercado

A missão de edificar o mercado da cannabis no Brasil passa, necessariamente, pela política, por isso, quanto mais políticos tiverem a exata dimensão do que esse mercado pode representar para o país, mais avanços teremos

Publicada em 03/11/2022

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Por Marcelo de Vita Grecco

Em maio deste ano ocupo este espaço para falar um pouco de política, o que normalmente não costumo fazer. Prefiro sempre me ater às novidades sobre o potencial de mercado e às milhares de aplicações industriais e medicinais do cânhamo e da cannabis.

No entanto, como disse à época, precisei abrir uma exceção, porque não haveria como não falar de política neste ano de eleições tão relevantes para todos nós. Ressaltei a importância do voto para elegermos o máximo de parlamentares favoráveis à nossa causa, que também é a de milhões de brasileiros.

Hoje, de volta, mais uma vez, à seara da política, venho celebrar a eleição ou reeleição de pelo menos 30 parlamentares simpatizantes ou que já têm uma participação mais próxima junto a movimentos que atuam em benefício do desenvolvimento do mercado brasileiro da cannabis e do cânhamo.

Trabalho de formiguinha

Nossa representatividade em todas as esferas políticas ganha musculatura a cada eleição. E esse trabalho de formiguinha é que faz toda a diferença. Afinal de contas, precisamos usar a política, no melhor sentido possível, para robustecer o diálogo e as negociações com o objetivo do bem comum da sociedade. 

Considero também este um momento bastante especial da história política brasileira. Pelo voto da maioria do povo, prevaleceu a vontade popular e se reafirmou o compromisso de todos nós em prol da democracia, do diálogo e da ciência.

E entendemos também que este cenário é, sem dúvida, o mais promissor para uma discussão menos enviesada com o governo, o congresso e com toda a sociedade civil organizada no tocante ao potencial econômico e social da cannabis para os brasileiros.

Mais ressonância

Essa missão de edificar o mercado da cannabis no Brasil passa, necessariamente, pela política. Por isso mesmo, quanto mais políticos tiverem a exata dimensão do que esse mercado pode representar para o país, mais avanços teremos. 

É um esforço que precisa ter continuidade. Teremos eleições municipais em 2024. Novamente, votaremos para presidente e deputados em 2026. Certamente, irei insistir, para darmos preferência a políticos comprometidos com pautas que apoiem o desenvolvimento do mercado da cannabis. Quero crer que, até lá, nossa voz ecoe em Brasília, e em todas as casas legislativas pelo país, com muito mais ressonância.  

Ainda somos poucos na política, mas já fomos menos ainda. A  cada pleito, avançamos mais algumas cadeiras. Isso é o mais importante. Pouco a pouco nossa representatividade aumenta, e esse processo deve e precisa ser contínuo, como contraponto ao conservadorismo do reinante no atual Congresso.

Voz no Congresso

O importante é que, com a eleição e reeleição de políticos aliados à causa, uma parcela da sociedade que clama pela regulamentação e ampliação do uso terapêutico e industrial da planta, aos poucos, ganhe  alguma voz no Congresso Nacional e nos legislativos estaduais e municipais em todo o território nacional. Centenas de propostas envolvendo questões relativas à cannabis se disseminam pelo país, pelas mãos de políticos que representam interesses de vários estratos da sociedade.

Ainda são muito poucos, dirão os pessimistas. Mas esse é o caminho inexorável que devemos trilhar para a formação e fortalecimento de uma frente ampla favorável à cannabis na política nacional. 

São esses poucos parlamentares que elevaram a voz nos plenários de Brasília e Brasil afora, amplificando a discussão e a informação preciosa e precisa para outros políticos que desconhecem todos os benefícios da planta para a medicina e para a indústria..

Dessa forma democrática é que construiremos um arcabouço legal para inserir o Brasil neste novo e potencial mercado da cannabis, a exemplo do que já ocorre em vários países pelo mundo e também em nossos vizinhos.

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e de responsabilidade de seus autores.

Sobre o autor: Marcelo Grecco é cofundador e CMO da The Green Hub, consultoria e aceleradora de startups com foco exclusivo no mercado legal da cannabis.