Anvisa: desafios regulatórios e compromisso com a qualidade da cannabis medicinal no Brasil

Em entrevista ao portal Sechat, empresário israelense comenta o importância da agência para a evolução do mercado da cannabis no Brasil

Publicada em 17/11/2023

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Leandro Maia

O cenário regulatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tem sido um ponto crucial no desenvolvimento da indústria de cannabis medicinal no Brasil. O órgão é responsável por estabelecer as regras e regulamentações para a produção, comercialização, prescrição e uso de produtos à base de cannabis para fins medicinais. Isso inclui a definição de padrões de qualidade e segurança para esses produtos.
A agência é encarregada de analisar e aprovar os registros de medicamentos à base de cannabis. Ela estabelece os critérios para a autorização desses produtos, garantindo que atenda aos padrões de eficácia, qualidade e segurança necessárias.

Em entrevista ao portal Sechat, o empresário israelense e CEO da Cann10, Ori Alperovitz analisou o mercado brasileiro e comentou sobre a importância do papel da Anvisa para a expansão do setor. Os processos de regulamentação, a segurança para a saúde pública e a confiança dos consumidores foram pontos condiderados por ele.

Confira a entrevista:

Ori Alperovitz, CEO da Cann10

1.A cannabis medicinal pode faturar até R$ 9,5 bilhões de reais em um período de quatro anos após a regulamentação ampla, segundo a Kaya Mind. Como explorar esse potencial econômico no Brasil a partir da informação, legislação e tecnologia? Qual é a sua visão do mercado brasileiro?

A visão econômica para o mercado brasileiro passa por alcançar uma parcela substancial de aproximadamente 5% da população nos próximos anos, alinhando-se às práticas de mercado globais. A Cann10 estabeleceu seu ecossistema em Israel há quase uma década e agora pretende refinar esse modelo no Brasil para ajudar a atualizar essa visão.

2.Como você analisa a evolução do mercado de cannabis medicinal no Brasil nos últimos anos, em termos de crescimento e aceitação?

O mercado brasileiro, que surgiu há cerca de dois anos, vem crescendo a um ritmo razoável, espelhando tendências em mercados ao redor do mundo. No Brasil, existem duas opções principais para a aquisição de cannabis medicinal:

1- Importação pessoal por pacientes, prática que opera com mínima fiscalização e regulação;

2- Compra em farmácias, onde os produtos passam por rigorosa regulamentação pela ANVISA, garantindo estabilidade e padrões de qualidade farmacêutica.

3.Qual seu ponto de vista sobre os principais desafios enfrentados pelas empresas e pacientes que buscam acessar a cannabis medicinal no Brasil? O que precisa ser mudado em termos de legislação? Comente.

O processo de registro da ANVISA é notavelmente prolongado e apresenta várias camadas de regulamentação, ressaltando o compromisso em fornecer produtos da mais alta qualidade a par com medicamentos de prescrição disponíveis nas farmácias. Do ponto de vista da nossa empresa, um desafio significativo é aumentar a conscientização entre médicos e pacientes. Nosso objetivo é educar o mercado, fornecer treinamento abrangente, oferecer produtos avançados e iniciar ensaios clínicos adaptados a indicações médicas específicas.

4.Quais são os planos e previsões de expansão no mercado de cannabis medicinal no Brasil?

Como parte de nossa estratégia de expansão no mercado brasileiro, a CannTen, com uma década de experiência atendendo milhares de pacientes, médicos e hospitais em várias condições médicas em Israel, pretende introduzir uma gama diversificada de produtos em conformidade com a regulamentação brasileira. Além disso, temos acesso a um pipeline de tecnologia substancial de Israel, que pretendemos levar para o Brasil.

5. Acredita que com a regulamentação do plantio no Brasil o medicamento seria mais acessível para o paciente? Ou o Brasil vai precisar de mais tecnologia para fazer a cannabis mais acessível?

Já iniciamos o treinamento de médicos e farmacêuticos em vários aspectos da cannabis. Olhando para o futuro, imaginamos a possibilidade de estabelecer um ecossistema completo no Brasil, incluindo o cultivo local e instalações locais de Boas Práticas de Fabricação (BPF), com o objetivo de tornar os produtos mais acessíveis e econômicos para os pacientes.

congresso brasileiro da cannabis medicinal