A repercussão entre as associações de cannabis

Publicada em 22/05/2019

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A entrevista do diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Renato Porto repercutiu entre as principais associações que reúnem pacientes da cannabis medicinal no Brasil.

A advogada Maragarete Brito, da Apepi (Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal), disse que ficou dividida entre duas sensações: “Tive uma surpresa boa de quem vê uma mudança importante se aproximando e uma espécie de fala de procrastinação por parte da Anvisa” falou a fundadora da associação do Rio.  

Já o colega de Apepi e marido de Margarete, Marcos Lins Langenbach, vê a fala com desconfiança: “A fala do Renato Porto vem um ano após o evento "Cannabis medicinal: Um olhar para o futuro" quando o então diretor da Anvisa Jarbas Barbosa garantiu que em 3 semanas iria colocar essa questão em consulta pública. Osmar Terra foi um dos principais contestadores. Terra agora é novamente ministro, e já aprovou uma nova política de drogas mais conservadora ainda. Duvido que esse governo tenha coragem de se debruçar a sério sobre esse tema, indo contra os interesses conservadores. A não ser que a sociedade se mobilize ou surja fatos novos”, avaliou Marcos. A assessoria do ministro Osmar Terra não retornou os contatos do Sechat.

A fundadora da Cultive, uma das mais importantes associações de São Paulo, Maria Aparecida Felício de Carvalho, disse que a regulamentação deve ser feita pensando nas famílias que não tem acesso ao canabidiol por conta do custo alto de importação.

“O fato de ter quase 5 mil autorizações de importação na Anvisa não significa que essas 5 mil pessoas realmente importam, até mesmo porque o importado não é acessível a todos e sim para uma minoria, os mais privilegiados”, diz Cidinha – como é conhecida.

A líder da Cultive enfatizou a regulação para o plantio artesanal. E rebateu uma fala do diretor: “Necessitamos de uma regulamentação que atenda a todas necessidades, onde o cultivo associativo também esteja dentro. A produção associativa e pesquisa científica devem andar juntas”, completou.

Norberto Fischer, pai de Anny Fischer, a primeira paciente a ter permissão para importar o remédio da maconha medicinal, foi irônico ao questionar a demora da agência brasileira em aprovar a produção e pesquisa nacionais. “Devemos comemorar ou ficar indignados? Se tudo está pronto desde setembro de 2017, por que esperar?”,  questionou Fischer.