A marcha não é pela maconha

A marcha da maconha é um movimento social que, em teoria, se define como uma manifestação de militância pela legalização da cannabis, contudo, o que existe por trás desse movimento e quais suas benfeitorias para a sociedade como um todo? É o que abor

Publicada em 15/07/2022

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Por Maria Ribeiro da Luz

A marcha da maconha é um movimento social que, em teoria, se define como uma manifestação de militância pela legalização da maconha. 

Seria lindo, e talvez bem mais simples, se a nossa luta fosse apenas e diretamente atrelada ao fato de que a guerra às drogas segue sendo um grande fracasso; e que o direito à saúde está assegurado na Constituição Federal como um direito de todos.

Segundo o  artigo 196 : “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”.

Em teoria, o Estado se compromete a garantir proteção sanitária para os cidadãos, mas especialmente nos últimos quatro anos, o governo foi mestre em tratar seus cidadãos, e em especial os mais vulneráveis,  com violência, racismo e grande desprezo. Um chefe de estado que nega uma pandemia global e, em meio a uma gigante crise sanitária, nomeia um milico como ministro da saúde - estimulando o negacionismo e um verdadeiro desfile de dirigentes nesse ministério - e ainda chega a ordenar pessoalmente a compra de uma vacina indiana por um preço 1.000% maior do que negociado seis meses antes.  Este é um mero exemplo de que, por parte do desgoverno, não há intenção alguma de agir em acordo com a constituição federal, nem tampouco esboçar algum atributo humanitário.

A Marcha da capital paulistana acontece anualmente desde 2002, na Avenida Paulista, considerada um dos principais centros financeiros do país, que atualmente é um acampamento para centenas de famílias, idosos e crianças, que se encontram desabrigados, em situação de total abandono pelo governo e pela sociedade como um todo. 

Atualmente, a militância precisa ir muito além da luta pela planta livre. Principalmente em ano de eleições, precisamos engajar nossas vozes para militar por um Estado que garanta os direitos básicos aos cidadãos: auxílio habitacional, educação, segurança e saúde. A legalização da maconha seria quase como uma consequência disso, sinônimo de respeito à ciência, à saúde e à liberdade, está vinculada à estes direitos básicos,  pelos quais não podemos deixar de lutar. Precisamos investir em combater a desinformação e o estigma em torno dessa planta, que demonizada por tanto tempo, está sendo privada de trazer conforto e benefício para pessoas com as mais diversas condições de saúde. 

Participar da marcha de 2022 foi uma experiência potente, que trouxe uma baforada de esperança para estes tempos difíceis que parecem não ter fim. Dividir este momento com amigos, colegas e parceiros de luta, e ver tanta gente reunida pela mesma causa:  jovens, idosos, famílias, pacientes e associações; unidos em prol da liberdade, saúde, ciência e direitos humanos, certamente resgatou um pouco da fé na humanidade, e na certeza de que sim, a revolução não será televisionada, e que se depender de nós, o dia de amanhã vai raiar mais verde.

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e não correspondem, necessariamente, à posição do Sechat.

Sobre a autora:

Maria Ribeiro da Luz é fundadora da Anandamidia, uma empresa especializada em mídias diversas para cannabis, que opera entre Brasil e Canadá. Maria está imersa no universo da cannabis no Canadá, e em suas colunas, aborda ciência, história e inovações do mercado norte americano, com o intuito de fortalecer a causa no Brasil.