5 mitos sobre a cannabis medicinal

Por conta da falta de informação, ainda existem muitos mitos sobre o uso medicinal da cannabis. Saiba quais são eles

Publicada em 02/03/2022

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Por João R. Negromonte

O uso medicinal da cannabis é alvo de diversas discussões, seja ele no âmbito legislativo, judiciário ou executivo. Os questionamentos sobre a regulamentação dessa substância são os mais diversos. Diante disso, separamos alguns mitos sobre o uso da cannabis para fins medicinais mais utilizados por aqueles que são contrários a planta.   

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Acompanhe!

Mito 1: Não existem comprovações suficientes que justifiquem o uso medicinal da cannabis

Na verdade, o uso medicinal da cannabis vem sendo estudado desde 2700 a.C., segundo o livro Pen Ts’ao, considerado a primeira farmacopeia do mundo, que continha relatos do uso da planta contra as dores articulares do imperador chinês Shen Neng. Atualmente, cientistas como o químico Raphael Mechoulam, considerado o pai da cannabis por ser a primeira pessoa a isolar e testar os compostos da planta e o brasileiro Elisaldo Carlini, tido por muitos como uma sumidade no assunto, por apresentar um estudo que envolvia os derivados da cannabis em crianças com epilepsia refratária na década de 80, isto é, quando nenhum outro tratamento convencional surtiu efeito esperado. Estes são apenas alguns exemplos de pesquisadores que contribuíram de alguma forma para essa pauta, no entanto, a variedade de patologias que a cannabis pode ser útil são diversos como Alzheimer, Parkinson, Síndrome de Dravet, pacientes oncológicos, dentre outros. 

Mito 2: Porta de entrada para outras drogas

Essa talvez seja a “justificativa” mais comum entre aqueles que são contra o uso da cannabis. Mesmo sua forma medicinal causa certo desconforto naqueles que não necessitam ou não concordam com esse tipo de tratamento. Entretanto, não há relatos científicos suficientes que possam afirmar isso. Por outro lado, segundo dados coletados por Maria Inês Gandolfo Conceição e Carla Arena Ventura, pesquisadoras do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília e da Escola de Enfermagem da USP, respectivamente, mostraram que não existe essa relação. 

O estudo, publicado na plataforma SciELO Brasil em 2019 e chamado de “Percepção de Riscos e Benefícios Associados ao Uso de Cannabis Entre Estudantes de Brasília, Brasil,” mostrou que: 

“A intenção de uso da maconha em caso de mudança regulatória mostrou que o cenário não mudaria muito, pois a proporção dos que a usariam é muito semelhante à daquela que já fez uso da droga,” ou seja, mesmo que haja uma regulamentação sobre o uso dessa substância, os números mostram que não há um aumento no uso de outras drogas devido ao consumo de cannabis, seja ela medicinal ou não. 

Já um outro estudo, realizado por pesquisadores do Instituto Baker para Políticas Públicas da Universidade de Rice, nos EUA, que mede o consumo de drogas a mais de 40 anos no país, mostra que a reputação da cannabis como “porta de entrada” para outras drogas é apenas uma falácia, visto que tal argumento não se apoia em nenhum dado. Para William Martin, autor da pesquisa: “O uso da cannabis não leva nem ao aumento no consumo da própria maconha. Mais da metade dos entrevistados com menos de 60 anos a usaram em algum momento da vida, mas apenas menos de 10% a usam regularmente.”

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Mito 3: O Projeto de Lei 399/15 liberará o plantio para qualquer pessoa

O PL, que visa alterar a Lei de drogas 11.343/06, que autoriza o plantio e a comercialização de cannabis para fins de pesquisa ou medicinais, em local e prazo determinados, mediante fiscalização, caso aprovado, autoriza apenas o cultivo para Pessoa Jurídica, isto é, apenas empresas e associações teriam direito de produzir esses medicamentos. Ou seja,aqueles que desejarem ter sua própria plantação para fins medicinais ou científicos, terão que recorrer a vias judiciais.

Mito 4: Usar cannabis causa overdose

Sabendo que o corpo de qualquer vertebrado possui um Sistema Endocanabinóide, isto é, que o próprio organismo produz componentes da cannabis e detêm receptores que se ligam perfeitamente a essas substâncias, cientistas e pesquisadores dizem que não há relatos na literatura que justifique essa conclusão, pois até hoje, acreditam ser humanamente impossível consumir uma quantidade de cannabis que causaria uma overdose. 

Mito 5: O brasileiros não acreditam nessa alternativa terapêutica

Ao contrário do que muitos pensam, a maioria dos brasileiros são sim a favor do uso medicinal da cannabis. Segundo pesquisa realizada pela Revista Exame em 2021, o número de brasileiros que se mostraram favoráveis ao uso dos derivados da planta para fins medicinais foi de 78%, enquanto 77% relataram que fariam uso dessa terapia caso fosse receitada por um médico. 

Conclusão:

Por isso, na hora de procurar informações sobre a cannabis e seu uso medicinal, busque portais sérios e informações com embasamento científico e técnico que justifiquem seu ponto de vista. Jamais use informações falsas ou contraditórias para informar as pessoas que necessitam desse tipo de tratamento.

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