Pedro Pierro: “Gratidão às mães dos pacientes com epilepsia tratados com Cannabis”

Publicada em 08/05/2020

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Por Pedro Pierro

Neste ano completa 40 anos do primeiro trabalho utilizando Cannabis para o tratamento da epilepsia. Foi um estudo realizado no Brasil pelos professores e doutores Elisaldo Carlini, Sanvito e Raphael Mechoulam.

Apesar do trabalho ter sido realizado com todo rigor científico e com colaborações de três universidades de renome internacional (Escola Paulista de Medicina UNIFESP, Santa Casa de São Paulo e Universidade Hebraica de Jerusalém), o estudo não foi suficiente para modificar o pensamento mais preconceituoso do que cientifico, e a Cannabis para uso medicinal permaneceu em terceiro plano no arsenal terapêutico.

E isso porque estamos falando de uma doença que acomete mais de 50 milhões de pessoas em todo mundo. Só no Brasil são mais de 3 milhões de pessoas, sendo 700 mil pessoas refratárias a todos os medicamentos disponíveis. Se for avaliado anualmente, no Brasil, são diagnosticados em média 350 mil novos casos e, desses, 76 mil são refratários.

Apesar desses números assustadores e com quase 30% de refratários é difícil entender a relutância em se usar a terapia canábica para esses casos.

Em 2014, um grupo de mães com filhos filhas com epilepsia refratária toma conhecimento de uma história de sucesso no tratamento da epilepsia refratária nos EUA. A pequena Charlotte Figi, na época com sete anos, que teve sua doença controlada com a utilização de óleo enriquecido com canabinoides, sem os efeitos colaterais, tão comuns em pacientes que fazem o uso de anticonvulsivantes. Essa história motivou esse grupo de mães na busca dessa terapia para seus filhos, lutando contra todo tipo de burocracia, ideologia e preconceito, inclusive da própria família.

Uma vez li um texto de Chico Xavier que em dado momento ele mencionava que a “Oração de mãe, arromba as portas do céu”. Acredito que essa frase foi escrita antes do movimento dessas mães, pois, se hoje estamos conversando, discutindo e prescrevendo Cannabis para uso medicinal é devido a essas mulheres, cuja orações arrombaram não só as portas do céu, como também do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. A todas elas o meu muito obrigado e minha gratidão.