As mães de filhos com necessidade especiais me incentivaram a lutar pela cannabis

Conheça a história da paciente e empresária canábica Francis Mayry

Publicada em 09/05/2024

capa
Compartilhe:

Paciente, empresária e apaixonada pela cannabis, Francis Mayry é uma das principais figuras do cenário canábico brasileiro. Ativista social, movida pela dor e pela necessidade de outras mulheres, em 2016, Francis criou o Instituto “Mães da Cannabis”, projeto voltado para a democratização do acesso ao tratamento com a maconha.

“Visitando comunidades vulneráveis na Bahia, me deparei com diversas crianças com microcefalia, convulsionando 400, 500 vezes por dia. Essa realidade aliada a situação das mães, que muitas vezes não conseguem sair de casa, se alimentar, dormir, me incentivou a criar o Mães da Cannabis”, relata Mayry.

Assim, Francis iniciou a sua luta. Além de possibilitar o acesso dessas pessoas aos medicamentos, a empresária participou ativamente de movimentações políticas, conversando e solicitando aos parlamentares a criação de emendas.

“Eu brinco que poderia estar no livro de recordes como a pessoa que mais entrou em gabinete de deputado, senador, ministro, sempre tratando da cannabis. Fiquei muito tempo em Brasília defendendo a pauta. Levar uma melhor qualidade de vida até essas mulheres é a minha missão de vida e sou muito grata”, comenta Francis.

Agora, o “Mães da Cannabis” está desenvolvendo suas redes sociais, a fim de melhorar a comunicação com seus membros. Além disso, segundo Mayry, será disponibilizado um suporte jurídico às mães com problemas em seus planos de saúde.    

Paciente canábica

WhatsApp Image 2024-05-08 at 10.34.19.jpeg
Imagem: Arquivo pessoal

Em 2013, Francis foi diagnosticada com degeneração macular no olho direito, doença causadora de perda da visão central. “Tive muita dor, vermelhidão e inflamação no olho, nem os analgésicos tinham efeito. Os sintomas estavam evoluindo rápido”, relata a empresária que conviveu com a doença até encontrar a “salvação” na cannabis.

Durante um evento cultural em que participava, um rastafari percebendo a inflamação no olho de Mayry, entregou a ela um frasco contendo óleo de cannabis. Segundo Francis, seu medo e preconceito com a planta deixaram o frasco guardado, esperando por duas semanas. Neste meio tempo, os sintomas da degeneração macular foram se agravando até que Francis decidiu experimentar a medicação, “se algo der errado, suspendo o uso”, brinca Francis.

O teste deu tão certo que, após um mês usando o óleo, sua degeneração tinha regredido e “estacionado”. Hoje, Mayry não tem nenhum tipo de problema nos olhos ou na visão, não usa óculos e nem apresenta sintoma da degeneração. “Dou todos os créditos à cannabis”, comenta a empresária.  

Além disso, o canabidiol auxilia no controle da hiperatividade e na concentração de Francis: “Acelerada sempre vou ser, sou desde criança, mas a cannabis me ajuda a ficar mais concentrada, tranquila, consigo pensar melhor”.

Empresária Canábica

Com o sucesso de seu tratamento, Francis se encantou com a cannabis e decidiu “dichavar” todas as suas propriedades. Durante um período, a empresária passou por vários países, como Jamaica, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos, onde aprendeu tudo sobre genética de sementes, sistema de cultivo, fabricação de óleo e outras particularidades da planta.  

“Nunca imaginei que a cannabis iria se tornar um negócio na minha vida, mas as mãe de crianças com necessidades e o impacto no meu tratamento me colocaram neste caminho”. Com a especialização, veio a oportunidade de ingressar no mercado de cannabis brasileiro.  

“Realizei um trabalho de consultoria canábica para empresas de fora do Brasil que queriam ingressar no nosso mercado. Cuidei da parte comercial e estrutural das relações de marca, assim, descobri um mundo incrível a ser explorado”. Descreve Mayry, ao falar do início da sua trajetória profissional no ramo canábico.

Unido à sua vontade de empreender e a necessidade de acessibilidade dos pacientes ao tratamento com maconha, Francis e o chef de cozinha e jurado do Masterchef, Henrique Fogaça criaram o “Instituto Olívia”, entidade que leva o nome da filha de Fogaça, portadora de Síndrome Rara não identificada. Segundo a empresária, por conta da  burocracia, falta de recurso e patrocínio o projeto acabou sendo congelado e em seu lugar, surgiu a empresa canábica Akasha Meds/ Belcher.